"O Preço que se Paga" - Aventura One-Shot (recapitulação resumida)

Criado por MarcioThrasher · 36 postagens

MarcioThrasher

Nesse último domingo, dia 21/09, rolou a one-shot de Hunter com o meu grupo. Apesar de eras sem narrar nada, eu tava bem preparado. A ideia era ser apenas algo pra apresentar as mecânicas de jogo pra galera e aclimatá-los ao que pode estar por vir for real na crônica que eu tô escrevendo.

A história começa com uma mulher de meia-idade entrando no escritório da detetive particular Ava Mosshart, personagem da jogadora Rossana, pedindo ajuda. A filha dela, uma prostituta de rua, desapareceu há 8 dias sem deixar rastros, algo que nunca aconteceu antes. Somando isso ao fato que outras três prostitutas sumiram da mesma forma na cidade no último mês e meio, logo o cenário começa a ficar estranho.

A mãe da garota disse que a polícia parece não se importar e não está dando a devida atenção ao caso, por isso ela se uniu com as outras mães pra pagar um detetive particular pra investigar por fora. Ava foi escolhida justamente por ser mulher e competente, tendo talvez mais sensibilidade e diligência ao lidar com o caso.

Sabendo que iria ter que ir até as partes mais sujas e perigosas da cidade atrás de pistas, e suspeitando algo de sobrenatural por trás dos desaparecimentos, ela resolveu pedir ajuda aos seus companheiros de célula (o seguro morreu de velho, já dizia o ditado). São eles Ramona Gutierrez e Jeffrey "Something" (não lembro o sobrenome dele, sorry), interpretados pelos jogadores Hemanuelle (minha namorada) e Bruno.

Em resumo: depois de quase apanharem de um grupo de prostitutas lideradas por um travesti de 1,90m ("Samantha Black, beu abor!") graças a mentiras mal contadas e péssimas rolagens nos dados, e serem extorquidos por um mendigo muito do esperto, eles conseguem uma descrição de um suspeito e do carro que ele usou ("um carrão desses japoneis, todo preto. porque o filho da puta não servia nem pra apoiar a economia do país e comprar um carro americano..."). O mendigo viu uma das garotas pela última vez entrando no carro do suspeito, e logo depois ela foi dada como desaparecida.

Com a ajuda de contatos em outro ponto de prostituição, uma outra garota de programa disse que saiu há algumas semanas com um cara que batia a descrição e dirigia um belo Honda preto. Disse que estava tentando descolar um programa num bar e foi abordada pelo cara. Foram pra um pulgueiro qualquer e fizeram o programa, mas nada de anormal aconteceu.

Com o nome do bar em mãos, foram ao local. Jogando uma mentira deslavada no barman ("tem um cara assim assado que trabalha no mesmo prédio que eu, mas eu tenho vergonha de chegar nele. descobri que ele costuma beber aqui... será que você poderia me dizer que dia e horário, pra eu fingir uma coincidência e iniciar uma conversa com ele?"), eles descobrem quando o cara costumar ir lá. Mike, o barman, também diz que é melhor ela abrir o olho pois o cara é casado, apesar que ele já viu o cara (Jimmy, ele chama) saindo dali com algumas garotas. Ao que parece, a esposa do cara está muito doente e ele procurava "aventuras fora de casa", se é que ela entende o que ele quer dizer.

No dia, eles armam uma tocaia. Observam o movimento do bar de longe, estacionados na rua e dentro do carro. Esperam o carro chegar e o cara entrar no bar. Anotam a placa. Jeffrey entra no bar com o pretexto de comprar cigarros e ver se o cara bate mesmo com a descrição recebida. É ele mesmo. Volta pro carro e quando o cara sai horas depois, tentam segui-lo sem serem notados.

Ramona estava no volante e falha no teste, no que logo se inicia uma perseguição. Depois de muitos turnos e muitas rolagens de dados, o suspeito consegue fugir.

No dia seguinte, Ava telefona para seu contato no FBI (um antigo parceiro de academia de polícia), e consegue o nome do suspeito através da placa: James Dawson. Conseguem também o nome da esposa, Mary Dawson, e o endereço registrado de ambos. Mas ao perguntarem sobre o histórico médico dela, por pura curiosidade, o agente diz que não tem acesso a esses dados.

E fomos obrigados a terminar aí, num baita cliffhanger. Como eles irão proceder a partir daí, eu não sei. Tô ansioso pra terminar essa aventura, e sei que eles também estão. Rimos e nos divertimos muito, o que é o intuito final do RPG.

E é isso. Comentários da galera são bem-vindos!
- Atualizado em

MarcioThrasher

Abaixo seguem algumas fotos tiradas na sessão:


Eu me preparando pro TPK! MWAHAHAHAHA... brinks.


Da esquerda pra direita: Rossana, Hemanuelle e Bruno.


Se eu ainda tivesse Facebook, essa imagem seria a capa de perfil perfeita! (Créditos ao Bruno pela foto)
- Atualizado em

Rick_Dreadfull

Demais, Marcio. Aventura muito bem escrita, aguardando novas postagens.
Essa crônica lembra um pouco a história do próprio Jack Estripador (sem as tripas aparecendo na sua descrição rsrsrs) tendo como objeto de perversão as garotas de programa. Parabéns!

MarcioThrasher

Valeu, Rick!

Eu escolhi essa premissa de prostitutas desaparecidas justamente por ser meio clichê. Minha intenção era usar um tema já arraigado no subconsciente do pessoal, pra que eles chegassem a conclusões precipitadas e palpites sobre a origem e intenções do suposto criminoso. Tudo isso pra surpreender os jogadores no final da história com algo que eles nem imaginam.

Assim que a gente conseguir se reunir de novo vamos terminar a história. E posso garantir que vai ter uma boa cota de sangue e vísceras no clímax... (só falo isso aqui porque nenhum dos jogadores tem conta no fórum ainda, rs)

Rick_Dreadfull

Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Maneiro! Vai rolar algo mais ligado ao sobrenatural ou é um criminoso psicopata? Ou um psicopata sobrenatural? Rssrsrs

MarcioThrasher

Vai ser algo mais sobrenatural. Eu comprei o suplemento Slasher uns meses atrás e minha namorada me viu lendo o livro. Se eu colocasse um serial killer seria muito óbvio rs.

SamCromwell

Pô! Que massa, Marcio. To afim de narrar uma aventura de Hunter (ou qualquer uma de NWoD) já faz um tempo, vou ficar esperando a continuação

MarcioThrasher

Valeu, Sam! E arruma um grupo assim que puder, cara! Pra quem gosta de narrar, é uma diversão que não tem preço. 

Só pra situar o pessoal: eu tava sem narrar há quase 3 anos (sem jogar então, 10 anos já), por vários motivos. Ou não tinha tempo, ou não conseguia pessoas pra jogar, ou até tinha gente mas não eram as pessoas "certas" (aquele tipinho que quer fazer hack'n'slash numa sessão de Call of Cthulhu). E também tava com uma frescura de "ah, isso eu não quero mestrar, esse jogo eu quero mesmo é ser jogador".
Depois dessa one-shot eu tive a certeza absoluta que realmente amo narrar/mestrar e não sinto falta de estar na posição de jogador, tanto que tô querendo voltar minhas origens. Entrei no RPG jogando e mestrando AD&D 2e, me afastei do cenário na 3e e considero a 4e uma infâmia sem tamanho. Mas acabei de comprar os livros da 5e e pretendo no futuro encaixar um bom e velho dungeon crawl entre as histórias de Hunter pra aliviar um pouco o clima na mesa. 

Quero ainda poder ler aqui no site histórias narradas por ti pra uma galera daora, porque tu escreve muito bem. Vou ficar de olho!

Rick_Dreadfull

Também tive um pouco de dificuldade com relação a grupo para uma narrativa desse tipo, não por que meus amigos não saibam jogar, mas a maioria gosta muito do estilo Hack'n'slash mesmo. Então tem um grupo mais voltado para esse clima denso que é Storytelling. Ainda não comecei a narrar, irei fazê-lo em dezembro ou janeiro. Mas realmente é uma experiência e tanto narrar!!! Vou apostar no storytelling para esse tipo de aventura.

Marcinho

Muito bom Marcio,  jogar é bom, mas narrar é fantástico. Quando uma boa história é contada e o grupo ajuda a desenvolve-la, a gente se sente muito bem satisfeito.
Adorei o seu comentário "Entrei no RPG jogando e mestrando AD&D 2e, me afastei do cenário na 3e e considero a 4e uma infâmia sem tamanho." kkkkkk concordo que a 4a é isso ai que você falou kkkkkk

MarcioThrasher

Pois é, mas vai falar isso em certos fóruns/comunidades de D&D, os caras são capazes de te expulsar, rs. Pra mim a 4e é um excelente wargame mas um péssimo RPG de mesa. Pra quem gosta, beleza, mas eu acho que teria sido melhor se a 4e tivesse saído como uma versão alternativa do jogo, e não uma sequência oficial. Enfim...

Pra galera que tá acompanhando o tópico: a gente já concluiu a one-shot, logo devo tirar um tempinho pra organizar as idéias e fazer o post, que é um pouco mais longo que o normal.

Nicolas_Salermo

E ai Márcio, beleza?
Entrei no forum faz poucos dias, mas li sua história.
Será que rola de você concluir a aventura do pessoal? Fiquei curioso e bem ... Já faz 3 meses ne? hehehe
Abusadão, eu sei... É que fiquei curioso com a aventura. 
Tem uma mesa de WoD básico rolando, provavél que eu escreva aqui futuramente.  

tecnowancer

Não queria comentar não, mas já entrando no clima, estou querendo saber do desenrolar da aventura tb...

MarcioThrasher

Poxa, fico feliz que mais gente tenha curtido a história e esteja interessada em saber o final! Eu sempre sou muito crítico com as aventuras que crio, nunca as acho boas o bastante até ver os jogadores se divertindo, rs.

Tô dando uma escapulida do trabalho pra responder aqui, mas digo que no fim de semana termino o relato de certeza. Obrigado pelo feedback e interesse de todos!

tecnowancer

Marcio, você acabou de me incentivar a comentar mais...

Bom saber que os comentários são fonte de interesse de mais reportes :-)

Nicolas_Salermo

Valeu Márcio. 
Vamos esperar ansiosamente pela continuação !! 

Marcinho

Isso!! Estamos todos esperando :D

E tecnowancer, realmente comentários são a fonte de alimentação dos fóruns! Sem eles, o fórum morre!! Quanto mais a gente comenta, mais incentivamos hehe

MarcioThrasher

Como promessa é dívida, aqui vai a segunda parte da sessão. Esse relato vai ser beeem mais longo e detalhado que o primeiro, segurem-se aí!


Ao desligar o telefone, Ava, Ramona e Jeffrey se viram em dúvida do que fazer. Todas as pistas apontavam para James Dawson como o criminoso responsável pelos sequestros (e talvez assassinatos) das prostitutas, mas até agora o único crime que ele cometeu foi dirigir alcoolizado ao sair do bar na noite anterior. Fugir deles nem pode ser considerado suspeito, já que a reação de qualquer um seria a mesma caso percebesse um carro desconhecido lhe perseguindo.

Ava propõe então que eles entrem na casa de James em busca de algo que comprove que ele culpado, mas como fazer isso? Eles imaginam que, depois de ontem, ele deve estar mais alerta e paranoico, e uma incursão à noite pode ser muito perigosa. Resolvem ir hoje mesmo durante o dia. Jeffrey, lembrando que é sábado de manhã, sugere o improvável: que eles se disfarcem de Testemunhas de Jeová com o pretexto de entrarem na casa em busca de algo suspeito. James com certeza não irá reconhecê-los, já que eles não saíram do carro, a perseguição foi à noite e James provavelmente estava embriagado. Ava e Ramona acham a ideia ridícula, mas é a melhor ideia que qualquer um deles tem.

Eles prontamente saem do escritório de Ava e vão de carro até as lojas de roupa no centro da cidade. Depois de devidamente vestidos (Jeffrey de terno e gravata, Ava e Ramona com vestidos compridos e recatados), dirigem até o bairro onde James mora. É um bairro residência de classe média decadente, com algumas casas abandonadas com tábuas nas janelas e outras com cercas quebradas ou com a pintura descascando. Eles resolvem deixar o carro a algumas quadras da casa de James e ir a pé até lá, para dar a impressão de terem visitado outras casas da região.

Ao chegarem na soleira, conseguem ouvir na televisão uma reprise da NFL. Batem algumas vezes na porta até serem atendidos por um James abatido, com cara de ressaca e olheiras de noite mal dormida. Jeffrey, como bom ator de teatro que é, engata a conversa com o papo batido das Testemunhas de Jeová. James em princípio demonstra desinteresse, mas Jeffrey insiste, dizendo que consegue ver a angústia e a tristeza em James e que Deus tem um plano pra ele e todos aqueles clichês. Por fim, James decide convidá-los a entrar pra conversar e tomar uma água.

Após entrarem e conversarem um pouco, Jeffrey consegue arrancar de James certas informações, que ele anda mesmo angústiado e deprimido com a doença da esposa, mas não revela qual é e diz apenas que ela está internada numa casa de saúde, definhando. Jeffrey então diz que eles devem fazer uma corrente de oração ali mesmo, para que Deus traga a saúde à esposa de Jeffrey e a felicidade de volta àquele lar. Todos se dão as mãos e fecham os olhos com fervor, e Ramona começa a oração. Por ser uma ex-noviça, ela sabe como essas coisas funcionam.

Enquanto todos estão concentrados orando, Ava sai da corrente de oração e vai investigar os cômodos da casa. Nem precisa ir muito longe: passando pelo quarto do casal, ela encontra uma blusa e uma saia que ela viu uma das garotas desaparecidas vestindo numa das fotos cedidas pelas mães. Indo até a cozinha na parte dos fundos da casa, ela vê no quintal a porta de um abrigo de tempestade subterrâneo, lacrada com correntes grossas e cadeados enormes.

MarcioThrasher

Decidindo que viu o bastante, Ava volta discretamente a seus companheiros e sinaliza discretamente para que eles encerrem o teatro e vão embora, e é isso que eles fazem. James agradece a visita e o alento que ela lhe trouxe com lágrimas nos olhos.

De volta ao escritório, Ava repassa as descobertas ao companheiros. Eles então decidem vigiar James hoje a noite, esperando que ele saia pra beber ou algo assim, pra que eles possam invadir o abrigo de tempestade. Com certeza ele deve estar escondendo as vítimas vivas ali, num cativeiro de tortura sexual pervertida... Ou talvez só restem seus corpos.

Munidos de suas armas de fogo, por segurança, e ferramentas de arrombamento, eles vão pouco depois do anoitecer. Não demora muito pra que James saia de carro, e essa é a chance deles. Com muita dificuldade, conseguem arrombar os cadeados e retirar as correntes. Ao abrir as pesadas portas duplas do abrigo, o cheiro de dejetos humanos e algo em decomposição é nauseante.

Eles descem as escadas e encontram um interruptor na parede ao final. Ao acendê-lo, eles vêem algo terrível. Uma mulher totalmente suja e com a roupa esfarrapada, olha pra eles do canto oposto do abrigo. Ela está presa pelos pés a uma corrente fixada na parede. Ela está muito magra e maltratada, com a pele muito esticada nos ossos, mas eles conseguem reconhecê-la: é Mary Dawson, esposa de James.

Após o choque inicial, a célula corre pra libertá-la com as ferramentas que trouxeram. Assim que é solta, Mary parte pra cima de Ramona com um urro terrivelmente inumano, mas é rechaçada por reflexo. Ela cai e bate a cabeça com força contra uma lata de tinta que ali havia. O sangue começa a escorrer em profusão da sua cabeça e nesse momento eles ouvem a voz de James gritando da entrada do abrigo. "O que vocês fizeram, seus monstros?!?", ele grita enquanto desses as escadas, mas um som estranho faz as atenções da célula se voltarem a Mary.

Ela começou a ter uma convulsão ali jogada no chão, com o corpo em espasmos, os olhos virando pra dentro das órbitas e uma espuma branca misturada com sangue vermelho saindo de sua boca. A olhos vistos, seu abdômen começa a inchar de forma totalmente anormal e ela começa a berrar. De repente um barulho de explosão.

Mary explode. Pedaços de carne, ossos, sangue e vísceras voam pra todos os lados, atingindo e empapando todos os presentes. Instintivamente, todos cobrem o rosto e fecham os olhos. Ao abri-los, nada poderia prepará-los para o que veriam.

Onde antes se encontrava Mary, agora está um verme branco no chão. Era exatamente igual aos vermes encontrados em cadáveres em decomposição, só que enorme e muito gordo. Quando todos estavam processando essa cena, o verme se move e "fica de pé", alcançando dois metros e meio de altura. O que seria sua cabeça começa a se descolar com um som nojento e se abre numa bocarra dividida em quatro partes, cada uma delas com presas afiadíssimas.

MarcioThrasher

Ava, Jeffrey e Ramona começam a alvejar a criatura com suas pistolas e uma espingarda. James está caído nos degraus com o rosto paralisado entre o pavor e a descrença no que vê. Após vários tiros ineficazes e Jeffrey ter sofrido uma mordida terrível no ombro pelo verme, Ava consegue acertar um tiro de pistola que arranca um naco nojento do meio do bicho, deixando só um pedaço de "carne" unindo a metade de cima e a de baixo da criatura. Ramona então usa a espingarda pra terminar de partir o bicho. Caindo partido no chão, o verme não reage e é alvejado sem dó pela célula. Quando finalmente parece estar morto, ele se dissolve completamente numa gosma fedorenta no chão de terra do abrigo.

Ava, Jeffrey e Ramona estão cansados. Eles não esperavam por isso. Mas também estão putos da vida. Sem nem parar pra respirar, Jeffrey corre até James deferindo um soco na cara dele, e perguntando aos berros que merda toda foi aquela. Após mais alguns bofetes, James volta a si e conta tudo a eles aos prantos.

Mary foi diagnosticada com câncer há 1 ano atrás. Um tipo extremamente raro e agressivo de câncer de útero, foi desenganada por todos os médicos que se consultou. Disseram que não poderiam fazer nada e que ela teria mais 1 ano de vida no máximo. Só que Mary não aceitou. Começou a tentar todo tipo de tratamento alternativo, de homeopatia a acupuntura, indo até coisas mais "hippies" como cromoterapia e cristaloterapia. Nada funcionou.

Até que 6 meses atrás, em suas pesquisas incessantes na internet por tratamentos alternativos, ela encontrou a "receita" pra uma poção da juventude. Era algo bem obscuro e horrível, incluindo o sangue e partes de órgãos de animais. Desesperada, ela resolveu tentar. Depois de tomar a tal poção, ela começou a melhorar a olhos vistos, mas seus hábitos mudaram junto. Gradativamente, foi desenvolvendo aversão à luz, preferindo a escuridão. Começou a comer carne cada vez mais mal passada, até comer crua. Até James vê-la comendo um rato vivo que estava andando pela casa.

Daí pra frente foi ladeira abaixo. Ela começou a comer animais abandonados da vizinhança, e seu comportamento foi deteriorando. Ela foi ficando cada vez mais bestial, e sua aparência foi ficando horrível do dia pra noite, como se ela estivesse definhando em estado acelerado. Quando ela ficou bestial demais, James resolveu prendê-la no abrigo, mas isso funcionou até um ponto. Após dois dias presa, ela recuperou parte da sua personalidade original, só que com algo a mais. Quando ela falava com James, era com uma voz assustadoramente doce e insidiosa, e ele não conseguia se controlar. Tudo que ela pedia, ele fazia sem pestanejar. E foi aí que ela disse que precisava de carne mais potente pra ficar boa. Disse que precisava de carne humana.

E foi assim que a rotina dele de sequestro das prostitutas começou. Na cabeça dele, ele imaginava que elas forneceriam os "nutrientes" necessários a sua esposa, e não seus desaparecimentos não seriam tão notados, ou ao menos não seriam levados a sério. Afinal, prostitutas são drogadas que somem ou morrem de overdose o tempo todo.

Enojada pelo discurso de James, Ava lhe dá um soco no rosto e o nocauteia. Eles então o algemam e tomam o cuidado de não deixar nenhum vestígio da presença deles naquele abrigo. Catam todas as capsulas, projeteis e o que mais havia ali. Jogam James dentro do abrigo, trancam as correntes e fazem uma ligação anônima pra polícia, indicando o local onde estava o sequestrador das garotas de programa. Ramona pergunta se não é arriscado que ele conte pra polícia sobre eles, mas Jeffrey retruca que ele provavelmente estava sob o feitiço de algum poder sobrenatural que a esposa dele desenvolveu. A quebra desse feitiço com a morte dela, mais o trauma sofrido essa noite e ele não irá se lembrar de nenhum detalhe sobre eles.

MarcioThrasher

Nenhum deles dormiu. Foram todos para o escritório de Ava ficarem atentos aos noticiários da madrugada. Houve uma chamada de caráter extraordinário, onde o helicóptero da tv mostrava James sendo levado pela polícia em sua casa, várias viaturas e uma retroescavadeira nos fundos de seu quintal. O âncora informou que James Dawson tinha confessado pra polícia os assassinatos e o canibalismo das garotas de programa, e disse que tinha enterrado os corpos no chão de terra do abrigo.

O telefone do escritório toca. Ava atende com receio. É mãe de uma das moças, aquela que veio até seu escritório querendo contratar seus serviços. A polícia disse pra ela que foi uma denúncia anônima feita por uma mulher que os levou até James, e que eles não conseguiram de forma alguma rastrear a ligação. Ela logo soube que tinha sido Ava. Chorando copiosamente do outro lado da linha, ela agradece Ava e diz que sua filha e as outras vão poder finalmente descansar em paz.

Ava desliga o telefone e conta aos companheiros o que a mulher disse na ligação. Todos eles tem a sensação de dever cumprido, mas então Ramona levanta a questão: onde exatamente na internet Mary achou a receita pra essa poção de magia negra? E pior: quem colocou isso na internet, e com que intenção?

Parece que o trabalho ainda não acabou...

MarcioThrasher

E é isso pessoal. A aventura que era pra ter sido uma one-shot acabou se dividindo em duas sessões longas e tensas. A galera curtiu bastante, apesar de terem ficados com muito nojo do verme gigante hahahaha! Eu sei que minha esposa morre de nojo de vermes, e que as pessoas no geral tem nojo mesmo desses troços (eu incluso). Me aproveitei disso pra criar o monstro da história.

Qualquer comentário ou pergunta é bem vindo. Obrigado por curtirem a história e me fazerem voltar aqui pra terminar de contá-la!

tecnowancer

Achei a aventura animal!

Misturou interpretação, suspense e até ação.

Gostei do desfecho também gerando uma ponta solta que pode servir de gancho para próximas aventuras.

Gosto bastante desse tipo de jogo, está de parabéns!

MarcioThrasher

tecnowancer, valeu mesmo!

Escrevi essa aventura exatamente com esse intuito, ter um pouco de cada um dos aspectos básicos que compõem uma história no Mundo das Trevas, especialmente no cenário de Hunter. Eu não sabia quando (nem se) voltaríamos a jogar Hunter numa próxima oportunidade, então quis fazer esse mix pra fisgar a galera e fazer eles sentirem bem o clima de como é ser um caçador mantendo a vela acesa na escuridão.

E vou te dizer, quando o Bruno (jogador do personagem Jeffrey) veio com a história de se disfarçar de Testemunhas de Jeová eu pensei "caralho, que merda. lá vem o jogador com maluquices mirabolantes foder a minha aventura...". Mas aí fiz o que todo bom narrador faria: improvisei e deixei eles fazerem o que eles queriam. Eles interpretando a cena da oração na casa do James foi hilária, pareciam aqueles charlatões evangélicos que a gente vê em filmes americanos! hahahaha

Como narrador, fico feliz que a aventura que eu escrevi tenha entretido não só meus jogadores, mas vocês que tão acompanhando esse tópico também. Dever cumprido ao quadrado!

tecnowancer

Ha ha ha

O que vc pensava que eles iriam fazer nessa investigação? Sempre quando eu narro, as cenas mais memoráveis são as que eu não planejei e ficaram a cargo dos jogadores (isso me faz um narrador ruim?)...

Sim, entreteve bastante, hoje eu pouco jogo ou narro, me satisfaço mais em ler e discutir, pq jogar mesmo está dificil...

MarcioThrasher

Eu tinha certeza que eles iriam direto pra cena da noite, esperando o James sair de casa pra invadir e investigar. Mas aí acabou rolando essa cena de "reconhecimento de terreno" antes, com a loucura de se disfarçar de Testemunhas de Jeová. No fim das contas foi super engenhoso da parte do Bruno e legal que todo mundo abraçou, acabou dando um algo a mais na história.

E deixar várias coisas a cargo dos jogadores é ótimo, todo mestre/narrador que honre os livros que leu deve deixar brecha pra isso sempre que possível! RPG é uma história colaborativa, não unilateral. Os jogadores são tão donos da história quanto a gente, e aquele clichê todo que não deixa de ser verdadeiro. Quando tu deixa eles conduzirem a história sem interferir muito e ela flui, é sinal que tá tudo indo muito bem =)

Nicolas_Salermo

Gostei muito da história Márcio !!
Realmente a parte de se disfarçarem de Testeminhas de Jeová me fez rir  e pensar a mesma coisa que você:
"Lá vão os jogadores zuar a história ...", mas apesar de ter sido engraçada (que eu acredito que esta parte tenha sido) logo após ela se desenvolveu bem e a seriedade retornou já que as evidências foram colocadas em dúvidas (abrigo de tempestade).
Por ser uma One-Shot ficou muito boa, mas mesmo assim se forem continuar ficará muito boa e tem gancho para isso. E a técnica de pensar em algo que qualquer pessoa se sentiria enojada foi muito boa. Em vários textos e artigo li sobre isso para entreter o jogador. 
Parabéns cara ! A história ficou bem legal e o mais importante: Envolveu e divertiu a todos, inclusive o mestre! =D 
Tenho uma mesa de WoD que narrei e parei pela metade faz 1 ano, e o pessoal pediu pra continuar. 
Assim que terminarem vou contar a história aqui tb. Valeu pela inspiração ! 





MarcioThrasher

Obrigado, Nicolas

Amar o cenário que você vai narrar uma aventura é o primeiro passo pra escrever uma boa aventura. Por amar o cenário de Hunter, tentei passar isso pros jogadores e mostrar que jogar com humanos dentro da proposta de Hunter pode ser ainda mais interessante e divertido do que jogar com uma das criaturas sobrenaturais. 

E reune mesmo a galera pra terminar a história que tavas narrando! O importante é não ficar sem jogar RPG, e posta aqui aqui no fórum sim quando terminar! =D


Nicolas_Salermo

Com certeza !! Tem que amar, adorar e no minimo gostar do cenario em que está narrando. 
E Nwod começando como humanos é o essencial pra resgatar o clima e para os jogadores entenderem como é o novo cenário. O sentimento de "onipotência" quando se é um ser sobrenatural desde o início quebra um pouco o clima e faz com o que os jogadores achem que você está apelando quando um humano derruba um vampiro, lobisomem, mago e por ai vai. hehe
To pretendendo narrar a ultima parte da historia (São 3 partes) o mais breve possivel e postar aqui. 
Começamos com 4 jogadores na 1° sessão, depois 3 na segunda sessão, e agora são 2 na terceira sessão. 
Não porque morreram, mas pq foram saindo mesmo. hehe 
No momento são dois humanos, mas um deles quer ser um mago Moroi e a outra quer ser uma caçadora da Network Zero. Vamos ver no que vai dar as próximas "aventuras". =DD

Elderane

Marcio, você poderia postar a ficha do seu verme gigante? Só espero não estar sendo inconveniente =P

MarcioThrasher

Sem problemas, Elderane! Tenho a ficha dele num pdf, assim que eu estiver na frente do pc em casa eu posto os dados do bicho aqui =)

MarcioThrasher

Desculpa pela demora, Elderane. Quando se tem filho a gente fica meio away de tudo, especialmente quando eles ficam doentes =(

Mas lá vai a ficha como prometido!

The Worm/O Verme

Atributos: Inteligência 1, Raciocínio 3, Perseverança 3, Força 3, Destreza 1, Vigor 4, Presença 1, Manipulação 1, Autocontrole 1

Habilidades: Briga (Mordida) 3, Esportes 2, Sobrevivência 2, Intimidação 3

Vantagens: Estômago de Avestruz, Gigante, Imunidade Natural, Recuperação Rápida, Servidor (James Dawson) 1

Força de Vontade: 4

Moralidade: 0

Virtude: Fortitude

Vício: 
Gula

Iniciativa: 
4

Defesa: 
3 (por ser uma criatura inumana e bestial, O Verme usa o valor maior entre Destreza e Raciocínio pra determinar a Defesa)

Deslocamento: 
9

Vitalidade:
10

Dread Powers: Dread Attack (Mordida) 2

Armas/Ataques

Tipo                                              Dano                      Parada de Dados
Mordida (Dread Attack)                 2 (L)                                 9

MarcioThrasher

É isso, acho que não esqueci nada. Qualquer coisa, só perguntar! ;)

Elderane

Te agradeço cara! ficou bacana mesmo =D

MarcioThrasher

Obrigado! Eu curti muito criar esse monstro, me vinha um sorriso maligno no rosto toda vez que imaginava a cara de nojo dos meus jogadores quando eu fosse descrever o bicho hehehehe

Se for usar ele numa história, não esquece conta pra galera aqui no fórum como foi!

Elderane

provavelmente usarei hehe