Crônica - Live Action - Prólogo

por httblyonn em

Então galera, tô trazendo aqui pra vocês o prólogo de uma crônica que eu comecei a mestrar no meio do ano. Só tivemos três sessões e tivemos que parar pq o grupo começou a estudar pras provas. Outra hora eu posto as outras duas sessões aqui!!! Agora nas férias ficamos de retomar a crônica. Conforme formos jogando eu posto aqui. Espero que gostem...

Em um chat destinado a assuntos voltados ao RPG, quatro pessoas conversam:

Azooz diz:

Bom dia povo!
Hoje eu acordei com vontade de jogar um Live Action de nWoD. Alguém se habilita?

Nina diz:

Pow, eu tenho muita vontade de jogar um Live, nunca joguei. O foda é que a gente nem se conhece...

Nando diz:

Pow, eu to dentro!

Se vocês quiserem eu até posso ser o narrador!

Halley diz:

Opa! Eu to dentro, quero ser vampiro hein?!?!

Rsrsrs

Nando diz:

Pow, nós quatro já fica legal pra rolar uma crônica. Se a Nina topar, é claro...

Nina diz:

Não sei... As coisas estão difíceis hoje em dia! Não podemos confiar nos outros!!!

Posso levar um primo meu?

Nando diz:

Ok, tudo bem! Fechamos com quatro jogadores.

Agora só falta um lugar!

Azzoz diz:

Eu sei um lugar!

Tem uma casa abandonada, atrás da fábrica de tabacos no centro. Lá tem um porão show de bola.

O porão é grande e dá pra gente jogar lá sem problemas...

Nina diz:

Eu posso ser uma Uratha?

Nando diz:

Bem, eu não tava pensando em crossover...

Mas tudo bem...

Azzoz diz:

Eu serei mago então...

Nando diz:

Combinado então, amanhã às 22:00h, pode ser?

Nina diz:

Por mim tudo bem!

Halley diz:

Ok, estarei lá!

Azzoz diz:

Combinado então. Até amanhã!

...................................................

Então eles trocaram telefones para contato e, como combinado, no dia seguinte foram ao local indicado pelo Azzoz. O primo da Nina não pôde ir, mesmo assim ela foi, afinal o vício em RPG e a vontade de conhecer o Live Action foram maiores do que o medo de entrar em uma roubada. Ela chegou e parou na frente da casa. Era uma casa muito velha, cheia de pichações e muito suja. Olhando para a janela do segundo andar, ela avistou alguém que indicava ser o Nando, pela foto do chat. Ele gritou para que ela subisse e assim ela fez.

A casa tinha um cheiro muito ruim de urina e cigarro. Ratos e baratas eram vistos por todos os cantos em meio àquela poeira escura própria de um lugar que ha anos não sabia o que era uma limpeza. Subindo as escadas, a cada degrau que Nina subia lentamente, ela começava a pensar que ter ido ali sozinha poderia não ter sido uma boa idéia. Seus pensamentos eram interrompidos a cada ranger dos degraus de madeira envelhecida. Ela enfim terminou de subir e chamou pelo Nando.

Nada foi respondido. Ela começou a falar então que não gostava desse tipo de brincadeira e foi em direção à porta que levava ao quarto onde ela o viu, passando direto por um corredor curto, ignorando uma das portas. O quarto estava vazio. Por um momento ela sentiu um leve calafrio, próprio de quem teme alguma coisa. Esse calafrio veio junto com uma dúvida em sua mente: “Será que eu vi coisas? Será que ele não estava aqui de verdade?”.

Nina resolveu então descer e esperar, pensando ter visto coisas e no fato de como o medo trabalha com a imaginação das pessoas. Voltando pelo corredor, ela novamente ignorou a outra porta, passando direto pela mesma. O range do degrau da escada dessa vez foi acompanhado pelo som de passos vindos de trás da garota que não teve tempo de se virar antes de ser agarrada e jogada no chão. Enquanto ela gritava e tentava desesperadamente se soltar, uma voz grossa falava em seu ouvido: “Calma, não adianta gritar! Eu marquei aqui porque ninguém nos veria!”. Em seguida, o homem a soltou e começou a rir. Sem entender que se tratava de uma brincadeira de mau gosto, Nina acertou-lhe um soco com toda sua raiva, vindo a acertar o nariz dele.

Em seguida ela desceu as escadas correndo, sem olhar pra trás. Saindo pela porta ela acabou batendo de frente com outro homem. A pancada foi tão forte que a menina caiu no chão. O garoto preocupado perguntou o que estava acontecendo e a garota em prantos o abraçou fortemente, sem conseguir pronunciar uma única palavra.

Halley se abaixou perguntando o que estava acontecendo e Nando desceu as escadas rindo.

Nando – Ela é muito medrosa! Eu só fiz uma brincadeira com ela e ela ficou assim.

Halley – Cara, o que você fez com ela?

Nando – Eu só quis pregar uma peça nela. Me escondi e a peguei por trás quando ela tava distraída. Só isso.

Naquele momento, Halley se levantou, soltou a Nina e jogou Nando na parede, com muita raiva no olhar.

Halley – Seu imbecil, você sabia que ela tava com medo de vir jogar! Como pôde fazer isso com ela? Você é retardado?

Com o nariz sangrando por causa do soco da Nina, ele se desculpou e quando os ânimos se acalmaram (após alguns minutos), eles começaram a se preparar para o jogo. Só faltava o Azzoz. Minutos mais tarde, Halley recebeu um SMS de Azzoz dizendo que se atrasaria e que começassem sem ele. Com isso eles começaram. Nando foi o mestre, Halley era um vampiro conhecido apenas como Noa e Nina uma Uratha de nome Ellen. A crônica deles se passava em uma cidade pequena no interior dos estados unidos. O mestre não quis entrar muito em detalhes, pois não teve tempo para se preparar para a aventura e não queria ficar preso ao próprio plot.

Eles jogaram a noite toda no porão da casa. O jogo ficou bom. Tão bom que eles em momento algum deram falta do Azzoz durante a crônica. Terminada a primeira sessão eles arrumavam as coisas para irem embora e Nando aproveitou o momento para se desculpar novamente com Nina. A garota já havia se esquecido daquele episódio ocorrido no início da noite e disse que estava tudo certo e completou dizendo que a experiência que ela teve ali pagou pelo erro dele e que ele era um mestre excelente. Tudo arrumado, os três saíram do porão para irem embora. Halley foi à frente. Ao atingir o hall de entrada da casa ele se sentiu estranho, como se a casa tivesse em chamas. O calor que ele sentia era tanto que o fez suar, fazendo sua pele atingir um tom de vermelhidão característico de queimaduras de sol. Ele foi em direção à porta, sem se queixar com ninguém. Ao abrir a porta, os primeiros raios de sol que surgiram pela manhã, atingiram sua pele como ácido, queimando-o e causando uma dor que ele nunca havia sentido antes.

Imediatamente ele fechou a porta e correu de volta para o porão, tomado por uma fome que dominou todos os seus sentidos. Ele não podia controlá-la, ele precisava se alimentar, mas não queria comida. Não queria nada que já tinha comido antes na vida. Próximo do Nando, ele podia ouvir seu coração batendo, pulsando o sangue em suas veias. Aquilo prendeu sua atenção. Aquilo o atraiu. Sem se controlar, ele jogou o Nando no chão e cravou suas presas no pescoço dele. O sangue dele tinha um gosto indescritível. Melhor que qualquer outro gosto. Melhor que qualquer outra sensação.

Nina viu aquilo apavorada, pensou em ajudar o Nando, mas logo foi tomada por um medo que só a permitiu fugir. Ela correu por alguns metros ainda apavorada e sentiu seu coração disparar, batendo numa freqüência frenética própria de quem apresenta quadros de infarto, fazendo ela cair ao chão. Seu coração parou por alguns instantes e ela começou a sentir que ele começava a diminuir. Seu corpo começou a mudar a partir daí. Ela se viu cheia de pelos por todo o corpo. Viu também sua colina se curvando e suas mãos e pés se tornarem patas, como as de um animal. Como as de um lobo.

Aquela bela garota agora era um lindo lobo branco que instintivamente continuou a correr atingindo uma floresta próxima ao local esgueirando-se por entre as árvores até ser tomado por um cansaço que o fez parar, ficar fraco e dormir.

Halley sentiu uma adrenalina revigorante que supriu completamente sua dor física. Ele continuou a se alimentar do sangue do Nando até ouvir seu coração batendo mais devagar, sua pulsação diminuindo e seu corpo esfriando.

Halley conseguiu perceber claramente o exato momento em que Nando deu seu último suspiro antes de morrer.

Atormentado com todos os acontecimentos, Halley andava de um lado para outro, sem saber o que fazer. E permaneceu andando até ser tomado por um sono súbito que o obrigou a se abrigar naquele porão e dormir.

Nina acorda nua em meio à floresta, sem ter a quem pedir ajuda e ainda temendo pela vida de Nando. Ela só consegue pensar que de algum modo, aquilo que ela e Halley interpretaram naquele porão acabara de se tornar realidade.

Sem norte, ela toma a única decisão que acha cabível e vai ao encontro de Halley...