Bebedores de Fôlego e Comedores de Vida [Parte 2]

por rafaelkain em

Comer a Vida e Beber a Respiração

Como um complemento para a arte sutil e etérea de beber a respiração, há uma mitologia sobre o terrível consumo de vários órgãos internos. Lendas mortais ao redor do mundo descrevem uma variedade de demônios canibais com maior ou menor semelhança com os vampiros. Por exemplo, o Vjestitiza de Montenegro, uma bruxa que projeta sua alma até a presença da sua presa, e após isso ela arranca o coração da vitima e carrega para seu corpo físico. Uma versão dos Moroi romenos (o nome se aplica a várias criaturas vampíricas) rasga o peito da vítima para devorar o seu coração. O Brahmaparush da Índia, por outro lado, prefere começar com o cérebro da vítima antes de consumir todo o seu corpo, deixando apenas os intestinos para enrolar em torno de sua cabeça como um turbante, enquanto ela dança.

De qualquer maneira, o fígado, no entanto, parece ser o órgão favorecido para monstros que gostam de um pouco de carne humana.  Em uma lenda Cherokee, uma bruxa chamada Utlunta, paralisa a vítima com uma canção mágica e em seguida ela caprichosamente fatia seu corpo para extrair seus órgãos. A bruxa da Índia chamada Jigarkhwar opera de maneira mais sutil: ela rouba o fígado da vitima através da magia após o vitima comer uma semente de romã encantada.

Além dessas, temos lendas africanas, japonesas e incas sobre a ingestão de órgão como parte do poder de uma criatura sanguinolenta.

Mas por que o fígado, de todos os órgãos, é mais importante até mesmo que o coração ou cérebro? O fígado é o responsável pela a produção da bile vital para a digestão, alem de realizar as funções metabólicas necessárias para o sustento do coração e do pulmão. Então porque não fazer a ingestão do baço, os rins ou pâncreas? Em primeiro lugar, o fígado é grande. Sábios primitivos devem ter descoberto sua importância devido a sua dimensão. Talvez este seja também seja o motivo que antigas civilizações sacrificava um carneiro para ler augúrios divinos em seu fígado. As mensagens contidas no tamanho e o posicionamento dos quatro lobos do fígado, suas ranhuras e marcas, alem do tamanho e posição da vesícula, são importantes até hoje são responsáveis de trazer a luz à assassinatos e mortes aos peritos de autopsia.

Modelos de fígado feito em argila ou bronze são encontrados entre as ferramentas de adoração em culturas da mesopotâmia, dos etruscos, gregos e romanos, isso tudo há mais de 3000 anos. Várias autoridades antigas nomearam o fígado como a sede do pensamento e da alma. O próprio Aristóteles rotulou o cérebro como um simples radiador para resfriar o sangue. Platão, no entanto, condenou o fígado como a fonte de paixões mais sórdidas e elevação dos sentimentos mais sutis do coração, uma função roubada pelo coração nas culturas modernas. Atualmente, estudos franceses tentam desvendar os mistérios do fígado. Ingleses rotulam o fígado com termos metafóricos e impreciso, atribuindo a ele adjetivos como "bilioso", "colérico" e "covarde". No entanto, estas estranhas lendas sobre o fígado atraiu a atenção de alguns Membros que buscavam uma explicação para sua importância mística. A prática não seria digna de importância se não tivesse ligada a tantos ritos sanguíneos sobrenaturais. Eles sabem que existe algo escondido, eles só têm de encontrá-lo. Então, naturalmente, os Vampiros têm suas próprias lendas sobre os benefícios de comer o fígado.

Algumas das lendas incluem:

• O fígado humano é realmente rico, muito mais sustentável que a vital força do sangue. Um vampiro que esteja disposto a matar e comer o fígado de um mortal receberá Vitae para mantê-lo por uma semana inteira, ou mesmo um mês, sem a necessidade de qualquer alimentação adicional.

• As lendas atribuem um poder profético ao fígado. Um vampiro que come fígado de vacas vai receber visões do futuro, ou informações sobre as atividades de seus inimigos em seus sonhos.

• Comer fígado lhe concede potencia ao sangue

• Assim como os mortais podem tratar certas doenças abastecendo o fígado com vitaminas e ferro, Amaldiçoados podem comer fígado para remover maldições ou curar feridas sobrenaturais que resistem a outro tratamento.

• Um vampiro pode ganhar a invulnerabilidade a ferimentos através de uma regular dieta de fígado humano.

• Círculos internos do Círculo da Anciã acreditam que o fígado serve como um potencializador de seu Crúac.

Entretanto, esta crença de canibalismo foi totalmente condenada por um decreto emitido em 1732 por Willibald Helfgott, um arcebispo Santificado de Magdeburg. O sermão Helfgott é ainda ocasionalmente estudados pelos Sanctum Lancea como um exemplo de como escrever um bom anátema. A principal conseqüência seria o extermínio humano e o risco à Mascara, além disso é dito que vampiros com tais hábitos muitas vezes perdem a capacidade do pensamento racional. Porem Membros intrépidos estão dispostos a conhecer a nuances dessa pratica, acreditando que assim conseguirão subjugar a besta.

Quem sabe o segredo?

Seria ilógico acreditar que os Vampiros modernos teriam a mesma visão ou interpretação sobre a ingestão de fígado humano e por isso trataremos a visão superficial das principais Coalizões da Família. 

A Ordo Dracul é a candidata mais comum para tal ato. Afinal, eles são bem conhecidos pelas suas estranhas artes na busca do julgo feral. Por outro lado, antigos Dragões afirmam que buscar tais atos os afastam do conhecimento real dos Anéis do Dragão, além de afirmaram que isso não passa de um Anel do Dragão mal interpretado.

O Circulo da Anciã sugerem que fora os Anciões Acólitos que descobriram como se alimentar sem morder uma vítima, como um extensão de sua misteriosa magia de sangue. Outros Membros acreditam que o ato é quase divino e a proibição dos Santificados deve-se a renuncia ao conhecimento pagão esquecido. Afinal, quem realmente poderia ter poderes para impedir o Círculo de cometer seus ritos canibais?

O Lancea Sanctum acreditam que o consumo de carne é blasfemo, porem o ato de poder viver da respiração é uma recompensa de Deus para a devoção Santificada. Porem em círculos ocultos dos Santificados, Vampiros praticam o ingestão do fígado como um complemento à alimentação sanguínea, em uma imitação medonha do corpo eucarístico e do sangue de Cristo.

Os Invictus desdenham esoterismo, práticas sobrenaturais dos Dragões, Acólitos e Santificado. No entanto, alguns Vampiros suspeitam que um Pacto Invictus guarda o verdadeiro segredo. Os aristocratas decadentes da noite atuais parecem reunir tantas vantagens sobre outros vampiros que seria plausível que eles detivessem tais conhecimentos.

 Os Cartianos heterodoxos podem aderir proibidas práticas de terras distantes, principalmente onde as Coalizões exerçam pouco poder.

Naturalmente, alguns vampiros - especialmente entre os Apartidários - apontam que não há razão para que apenas um ou mais líderes da Família deva saber o segredo. Estes vampiros pregam que o conhecimento não deve ser estudado ou deve ser dividido com todos da Corte.

Entretanto, a conspiração da Danse Macabre agrava as coisas, tornando a troca de conhecimento uma corrida armamentista equivalente a Guerra Fria.  Ainda assim, mesmo com todas as evidencias sobre os benefícios da pratica canibalesca, alguns Vampiros se recusam a acreditar que tais atos podem trazer qualquer beneficio à Família.

Conclusão

Se beber respiração for realmente possível, isso tornaria a não vida algo muito mais fácil. Os Antigos encontrariam uma alternativa para a alimentação de outros vampiros. Alem disso os mais fracos e jovens poderiam evitar muitos dos perigos associados com a alimentação.  

Fonte: Mythologies