Tanto no antigo como no novo Mago, não existe a possibilidade de um Mago escolher qualquer um e ensinar Magia a esta pessoa, como existe em algumas histórias sobre Magia. O Mago é uma criatura que, por destino ou acaso, Despertou. Nem todos que se interessem por magia no Mundo das Trevas poderiam se tornar Magos, apenas alguns poucos Despertam. Há leves referencias a Despertares que vieram de humanos estudiosos, mas geralmente a pessoa não sabe direito o que esta fazendo.
No mundo real, independente de acreditar-se ou não em Magia, os Magos existentes são quase sempre pessoas comuns, que tiveram interesse em Magia, pesquisaram, se filiaram a Sociedades Secretas, e finalmente foram iniciados. Existe um conceito chamado Auto-Iniciação, o qual corresponde (mais ou menos) ao Despertar do jogo, mas a Iniciação formal, tão comum em Histórias de bruxaria e Magia, não existe. Em MoD, mesmo alguém que não goste de Magia, não acredite nela, pode vir a Despertar.
Pensando nisso, eu estive pensando em uma regra alternativa para criar magos no Mundo das Trevas. Ela está baseada na estrutura de muitas Sociedades Mágicas, e principalmente nos rituais wiccanianos descritos pelo casal Farrar em seus livros. Não sei se isso já existe em algum outro livro, mas como não tenho acesso a língua inglesa, só pude criar.
Pelo que imaginei, os Guardiões, que criam diversas ordens para desviar os mortais da Verdade - por segurança -, seriam os primeiros a descobrir quem, nestas ordens, seria mais dedicado e estaria mais disposto a realizar sacrifícios para alcançar o despertar. Mas outras ordens teriam seus Acólitos também: uma ordem monástica de Kung fu no interior da China (Setas) poderia selecionar um monge em particular, etc. Estes acólitos enfrentariam diversas provas e testes, precisariam estudar textos antigos e participar de antigos Ritos (não mágicos, simbólicos), de forma a começar a entender que o mundo é Maya (Mentira). Estes Ritos seguem uma estrutura que é bem explicada no livro O Poder do Mito, de Joseph Campebell (uma sugestão de leitura), que diz que o conhecimento mitológico, visto como um saber real, está codificado em antigos dramas-rituais e em histórias clássicas da Mitologia – que é o que uma pessoa que frequenta a OTO, a OBAD, a Rosacruz, etc. faz: estudar mitologia e realizar dramas-rituais (uma espécie de teatro onde se dramatizam histórias mitológicas).
Assim, após escolher o Adormecido que ‘leva jeito’ para Magia, ele seria iniciado (ainda de forma mundana) em uma espécie de ‘Circulo interno’, o Santo dos Santos, o Segredo no Segredo das Sociedades Mágicas. Ali passaria a tomar contato com histórias secretas, a fim de forçar aos poucos seu Despertar. Ainda não seriam contados segredos dos Magos. Após passar por certos testes de coragem, meditações e rituais, o Adormecido acabaria por mudar suas crenças de tal modo que não causaria mais Paradoxos aos Magos, tornando-se um Sonâmbulo. Se os rituais continuassem, ele estaria pronto em um ano para a iniciação, quando então, através de um ritual mágico, seria astralmente enviado para um dos reinos supernos, onde poderia se iniciar. A mecânica do jogo seria a realização de um clássico, de certo de Primórdio, ou de ‘um dos Arcanos regentes do iniciador’, e o sacrifício, por parte deste, de um ponto de Gnose (permanente), que seria ‘passada’ ao Iniciado, que então Despertaria – já treinado por um ano, de modo que seu despertar não fosse dramático (esta mecânica veio do Ritual de Iniciação real da Wicca, descrita pelos Farrar, no qual o Iniciador realiza uma ‘Investidura de Poder’ no Iniciado, passando-o um pouco de sua própria Magia). Assim uma pessoa que talvez nunca fosse Despertar, apesar de seu genuíno interesse por Magia, tornar-se-ia um Mago verdadeiro, através do estudo e da dedicação. Mais próximo das histórias (com H maiúsculo e com h minúsculo) sobre Magos, e meio diferente dos Despertares mais comuns das mesas de jogo, que lembram mais (não é uma crítica) os ‘despertares’, por assim dizer, de o filme Matrix. Também fica parecido com a mecânica de um outro jogo que eu joguei muito, o Trevas da editora Daemon – que é mais ‘realista’ (hahaha) em questão de Magia do que o sistema da ‘Lobo branco’.
As críticas que eu mesmo faço a estas regras é que os mortais que seriam identificados, segundo as regras acima, já poderiam ser candidatos a Despertar, ou seja, já seriam pessoas inquietas com a Mentira, que de uma forma ou de outra acabariam por Despertar... As ‘house rules’ que estou criando são mais para fugir ao conceito de que o Despertar é uma sina, que as pessoas jamais poderiam ser Despertas por outro Mago (obs: o ritual de iniciação que eu descrevi precisa ser voluntário, de ambas as partes: Iniciador e Iniciado. Não daria para iniciar alguém que não sabe o que esta acontecendo).
Qual a opinião de vcs?