Ambientação - Brasil

Criado por RPGeiro · 31 postagens

RPGeiro

Na sua opinião, quais seriam os prós e contras de se ambientar crônicas em cidades brasileiras?

Rick_Dreadfull

Po, cara. Acredito que tudo vai pela boa vontade do narrador e dos jogadores de levarem uma crônica de NWOD a sério nas terras brasileiras. Tipo, André Vianco criou seus vampiros brasileiros, muitos elogiaram, outros odiaram, então acho que vai pela forma como é abordada. 
Que tipo de narrativa será? Terá algo a ver com política, ações da Petrobras controladas por políticos com coligações sobrenaturais, problemas sobrenaturais em eventos que aparentemente seriam caso de polícia, não é muito diferente com o cenário exterior, porém, acho que as pessoas (me incluo nessa) não apreciam crônicas em terras brasileiras puramente por não estarmos acostumados a usar/valorizar coisas que mais nos familiarizamos, especialmente nossa nação.

RPGeiro

Planejei pouca coisa sobre o tipo de narrativa até agora. Tive algumas ideias (originalmente para uma cidade americana) e percebi que poderiam ser adaptadas facilmente para alguma metrópole brasileira. A princípio seria uma crônica introdutória de MdT com futuras pretensões para uma crônica de caçadores (sem relação com Hunter: The Vigil).

Se eu decidir por ambientar a história no Brasil, inevitavelmente os temas de Política e Corrupção, e as ideias de ganchos que tu sugeriu, estarão presentes.






- Atualizado em

Hentges

em um jogo de promethean que nunca aconteceu, o primeiro adversário dos personagens seria O Nímio, um espírito que se alimentava da força das manifestações ocorridas dois anos atrás, ampliando os sentimentos que nelas vicejavam. poderia ser em qualquer lugar (londres, atenas, santiago), mas o fato de ser algo que todos viram e acompanharam bem aqui tornaria a situação mais pessoal. serviria também para changeling e hunter, suponho.

Nicolas_Salermo

Há uma certa mentalidade de "repulsa" de se ambientar no Brasil por tornar a experiencia de jogo sem graça. 
A seriedade e a imaginação do jogo iria pros cafundó por conta dos jogadores saberem diversas algumas coisas do nosso território nacional. 
Jogar WoD pra mim funciona que nem uma campanha medieval de D&D. São cenários pré-concebidos, mas que posso mexer neles como bem entendo.
Por exemplo, no território nacional falar que NPC ou jogador matou o Lula causaria uma crise de risos e/ou suposições mirabolantes de como ficaria o governo dali pra frente. Perderia um pouco aquela ideia de "mundo imaginário". É assim que eu penso pelo menos... 

sp_santiago

Há uma certa mentalidade de "repulsa" de se ambientar no Brasil por tornar a experiencia de jogo sem graça. A seriedade e a imaginação do jogo iria pros cafundó por conta dos jogadores saberem diversas algumas coisas do nosso território nacional. Jogar WoD pra mim funciona que nem uma campanha medieval de D&D. São cenários pré-concebidos, mas que posso mexer neles como bem entendo. Por exemplo, no território nacional falar que NPC ou jogador matou o Lula causaria uma crise de risos e/ou suposições mirabolantes de como ficaria o governo dali pra frente. Perderia um pouco aquela ideia de "mundo imaginário". É assim que eu penso pelo menos...

Nicolas_Salermo
Engraçado, na minha mesa acontece o oposto: jogadores sempre preferiram jogar no Brasil.
Mas eu concordo com você, dependendo do que acontece na mesa, vira piada.
Em um jogo recente, houve uma complicação envolvendo o filho do governador. Quando eu falei o sobrenome do sujeito, houve um silêncio constrangedor que, por um momento, achei que iria descambar para o humor.

Nicolas_Salermo

Além dos acontecimentos, depende também dos jogadores e do tipo jogo que é jogado.
Com meu antigo grupo (mestre + 4 jogadores) com certeza seria uma piada e duraria no máximo 2 sessões.
Mas no novo grupo (mestre + 2 jogadores) acho que poderia rolar bem o jogo, mas é claro que teriam situações "estranhas" como a sua, Santiago. hehe
Pensando comigo mesmo, eu perco um pouco a magia do RPG ao jogar em "território conhecido".

Rick_Dreadfull

Por enquanto em minha mesa de Penny Dreadful, está indo bem. O problema é quando surgem discussões sobre regras demais ou "viagens" de alguns jogadores sobre certas coisas, mas está fluindo. Inclusive estou usando elementos de Vampiro, Lobisomem, Changeling e Antagonistas.

Hentges

"viagens" de alguns jogadores sobre certas coisas
o que isso significa?

RPGeiro

ACHO que a grande maioria dos grupos joga em cidades americanas e européias por estarem acostumados a ver histórias de terror ambientadas nesses países. Boa parte das fontes de inspiração (filmes, séries, videogames, livros e os próprios cenários oficiais dos jogos Storyteller/ling...) são ambientadas nesses lugares e tentamos emular as estruturas dessas histórias para nossas mesas.
Como o Nicolas comentou, dependendo da história, a questão de NÃO conhecer bem um lugar pode ser importante e ajuda o mestre a criar um clima de desconhecimento e estranheza que pode se perder se jogada em cidades brasileiras.



- Atualizado em

Hentges

por outro lado, o mundo das trevas é uma sombra do mundo que conhecemos e, justamente por isso, jogar em cenários familiares, mas distorcidos por essas sombras, faria mais sentido do que um ambiente completamente estranho.

Nicolas_Salermo

Concordo Hentges, mas falar que Rio de Janeiro, São Paulo ou Brasília com toda a descrição possível para ambientar pode se perder por um simples "erro" geográfico, político, social e por ai vai...
Acho que dá pra rolar uma sessão de jogo sim em território nacional, mas acho que precisa de bem mais esforço do mestre pra ambientar e dos jogadores a levar a sério. 

Rick_Dreadfull você narra Penny Dreadfull no Brasil? Que maneirooo!! kkkkkkk 
 

Mestre

Tenho um grupo de Vampiro a 6 anos e o que fiz foi ambientar a história da minha cidade, no caso Belém, e escrever uma história tipica do Mundo das Trevas em cima dos fatos históricos da cidade...fiz um levantamento junto ao Instituto Histórico Municipal e assim fomos vendo fatos históricos, personagens históricos e trabalhando nisso...os jogadores super curtiram...e já vamos começar um cenário de Mago também em CrossOver.

Hentges

Esse é o meu ponto: não existem erros quando se trata de uma adaptação para o cenário do mundo das trevas. As diferenças são apenas aquelas que se esperaria encontrar em um lugar que é muito parecido, mas não é o mesmo que você conhece. E entender esse aspecto é justamente onde se encontra a maturidade necessária aos jogos no Mundo das Trevas em ambientes familiares.

Mestre

Concordo, eu não acredito que existam erros..acredito que independentemente de de a cidade ser real ou fictícia os livros fornecem suplementos suficientes para que possamos fazer as devidas adaptações...afinal, o Mundo das Trevas é tudo o que existe de ruim no mundo então basta a criatividade solta para conseguir implementar...kkkkkkkkkkkkk

Nicolas_Salermo

Que legal, Mestre !! Realmente jogando dessa forma a imersão no cenário e narrativa fica muito melhor !
Deve ter dado um trabalhão conseguir isso tudo, mas já que o jogo dura 6 anos, então valeu e MUITO a pena! 

Hentges realmente não há erros nisso tudo, sendo que pra mim e alguns outros jogadores em minha situação acabam por ter dificuldades pelo grupo ou ambientação mesmo. Como o Mestre mesmo fez, ele imergiu literalmente na história da sua cidade pra construir um cenário convincente e completo, mas outra coisa que você falou é pura verdade e acho que atrapalha bastante: Maturidade.
Levar o jogo a sério como uma forma pra se divertir acho bem mais válido do que "zuera never ends" (O que já ando cansado...). Meu antigo grupo não teria como jogar nWoD , tanto que não jogam, mas meu novo grupo jogamos facilmente e sem perder o clima, mas em um cenário brasileiro, acho que não estamos preparados ainda. rsrsrs A imersão pra minha narrativa é melhor em lugares menos conhecidos. 
(Eu não gravo nome de ruas e nem das cidades próximas, e muito menos escalas por quilometragem... hehe)

Mestre

Foi exatamente o que tentei fazer, trazer os jogadores para a imersão completa...
Usando a cidade, fica mais fácil fazer com que os mesmo se localizem e imaginem muito melhor...levei 1 ano de pesquisas e estudos para fazer o cenário..costumo dizer que "profissionalizamos" o RPG já que levamos muito a sério...jogamos 2 vezes no mês e a galera só falta por motivo de força maior mesmo...
E uma coisa que fiz logo no início foi levar a galera pra dar uma volta na cidade e conhecer os principais pontos usados no cenário, além de usar mapas, fotos, relatos e todo o material disponível para que eu tenha um melhor aproveitamento e diversão de todos! :)

Nicolas_Salermo

É rapaz... Desse jeito não tem como uma sessão de jogo ficar ruim. 
Com seu grau de empenho acho que você transformaria As Meninas Super Poderosas numa crônica de nWoD bem pesado e cheio de horror facilmente.  kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Rick_Dreadfull

Não, Nicolas. Eu narro com a ambientação em Londres mesmo. Kkk
Mas não descartaria essa possibilidade!!!

Jab

Bom, Encontrei esse fórum hoje e vou colaborar com a minha opinião:

Eu acho que cada estado do Brasil comporta uma série de criaturas. Vou usar como exemplo o Rio de Janeiro onde mestro uma crônica de Changeling.

Em primeiro lugar, uma ótima ferramenta que DEVE estar à disposição dos jogadores é um tablet/notebook com Google Maps. Assim os jogadores podem traçar rotas e explorar estabelecimentos reais.

Bom, minha crônica é ambientada na cidade de Cabo Frio que fica na "Região dos Lagos". Esta região é composta por uma sequencia de pequenas cidades litorâneas que tem como característica forte o turismo. Por ser uma cidade litorânea, As 4 estações são bem presentes.. O verão é MUITO quente, o inverno é frio e chuvoso, o outono deixa a cidade toda em tons de marrom por causa das folhas secas e na primavera, a cidade fica com outra cara devido a arborização de duas ruas. Sem contar que ela é destino garantido por ser refúgio de turistas no animado carnaval da cidade, no festival de inverno, na festa da padroeira da cidade e em todos os feriados prolongados.  

Se continuarmos olhando para o Estado, A região serrana (Petrópolis, Teresópolis, Friburgo, etc...) é propícia para os Uratha por serem mais isoladas e as cidades serem menores enquanto a região metropolitana (Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Etc...) pode ser mais frequentada pelos Vampiros e por ser o local onde se concentra o poder. 
 
Mas isso quem decide é o mestre. Se ele assim decidir, os Changelings podem ter expulsado os vampiros da área metropolitana, os Uratha podem ser tão fracos na região que uma outra "raça" domine todo o estado ou de repente, vampiros, lobisomens e demônios nem existam e os Changelings dominem todo o território Brasileiro divididos em vários reinos que lutam entre si por poder.

Mas pra não perder o tema do tópico, acho que Changelings combinam mais na Região Norte (por causa das lendas da floresta) , Centro Oeste (por causa das lendas da região do pantanal) e cidades históricas do interior de Minas (que também tem inúmeras lendas que envolvem principalmente fantasmas dos inconfidentes)




RPGeiro

Acho que com uma adaptação e uma certa 'licença poética' do narrador, dê para jogar com qualquer um dos monstros do MdT em qualquer canto do Brasil.

MDSS

isso depende. Tem duas maneiras de se narrar uma crônica no Brasil:
1- tenta pegar o mais parecido com a realidade possível. Esse modo é quase certo de dar problema, majoritariamente por que é certo de algum jogador conhecer um ou outro detalhe melhor que você (talvez ele queira ir num bairro que ele conheça como a palma da mão, mas por onde você nunca passou ou coisa parecida) o que acaba levando a diversas discussões sobre as minúcias do território nacional. Em tempos de crise política então, dúvido que se consiga terminar uma seção.

2- explique aos jogadores que a legislação é brasileira, a geografia nacional é brasileira, os estados e municípios mais conhecidos são brasileiros, a história de maneira geral é brasileira, mas que, sendo a prioridade a crônica, os npcs podem não corresponder com a realidade (talvez nem existam um Lula e uma Dilma no seu cenário) e o mesmo vale para bairros e outras localidades específicas, que serão transformados para melhor transpirar o Tema e Tom desejados. Desse jeito, com quanto que os jogadores não sejam chatos, não vejo por que não daria certo. É muito mais fácil de achar informações sobre coisas reais que se queira inserir na história, e qualquer coisa que divirja da realidade, os jogadores já terão aceitado de antemão que se trata de "liberdade poética" para o bem da crônica.

Particularmente, gostaria de ambientar uma crônica ou numa cidadezinha de interior fictícia, ou no ABC (paulista ou carioca, tanto faz). Eu cheguei a começar um grupo de Requiem no "Império da Guanabara", um único ancião teria tomado o Rio, Niterói, São Gonçalo e Maricá sobre seu controle, sendo que cada cidade tem seu próprio "Vice-Rei", uma cria direta do "Imperador", que está em torpor dês de 19XX. Cada cidade mantem relativa independencia, mantendo o clima local esperado do Réquiem, mas a chegada de forasteiros de outra parte do Grande Rio é bem mais comum do que o normal do cenário (o que continua sendo pouco para padrões vampiricos, a não ser para os que moram em uma cidade e trabalham em outra). O cenário tava interessante, com uma boa transição entre política local, com uma eventual reunião entre os 4 Vice-Reis de tempos em tempos (Embora o Rio seja a maior e mais poderosa das cidades, Niterói fica bem no meio do caminho parfa as outras 3, e assim, as reuniões costumam se dar ali, visto que os Membros não tem o dia[noite] todo pra ficar indo de um lado pro outro), infelizmente, vieram as provas, e dois dos três jogadores pularam fora. Quando procurei por novos jogadores, eles insistiram em ambientar em algum tempo no passado, e acabei deixando o cenário para formar um novo grupo.

Mestre

Não vejo desvantagem; minha crônica é ambientada na minha cidade mesmo (no caso Belém) e os jogadores não somente gostam como interagem bem haja vista que sabem o que se encontra em tal ou tal lugar...
Quando estava montando o cenário, fui na Universidade, conversei com historiadores, fui em Biblioteca Pública e levantei os 400 anos de história da cidade e coloquei no papel e isso fez com que os jogadores conhecessem um pouco mais da história da cidade...foi gratificante em todos os sentidos e sei que está dando certo pq minha crônica já dura 7 anos com os mesmos jogadores.

Abraços... o/

Nicolas_Salermo

Eita ! Tanta pesquisa pro RPG!
Sinto-me envergonhado pela minha preguiça de fazer isso tudo. kkkkkkkkkkkkk
E que mal lhe pergunte Mestre, é uma mesa de que? Vampiro O Réquiem?

Mestre

Nicolas, é Vampiro sim...sempre Narrei esse sistema pois sou apaixonado por ele..narrei a Mascara por anos, passamos para o Réquiem em 2005 e agora estamos no segunda edição. Na época em que fiz a pesquisa foi necessário pois jogávamos pelo fã clube oficial da WW e ela exigia esse tipo de comprometimento....mas é gratificante sim, deu trabalho mas vale a apena ate hoje.

Ebbers

Eu sempre preferi ambientar minhas crônicas (Vampiro e Lobisomem) em minha cidade natal, Recife. Acho massa essa coisa do MDT deixar as lacunas em aberto para você poder preencher com sua imaginação. Sempre gostei de imaginar certas localidades da minha cidade e imaginar certas cenas ali, e também incutir coisas misteriosas e sobrenaturais. É fácil dar uma pesquisada na história da cidade, e também fatos curiosos. Recife é uma cidade antiga, + 450 anos, e tem muita coisa bacana que se pode tirar. Além do mais o Brasil é um país com uma diversidade cultural que é absurda, aqui você encontra coisas de todo o tipo para histórias de horror, aventura, exploração, em fim todo o tipo de coisa. 

 

Ebbers

Eu inclusive estou narrando uma história que se passa aqui em Recife durante o período colonial, em 1630 logo após a saída dos holandeses da capitânia. Inclusive, irei postar aqui logo em breve esse cenário por aqui para o pessoal dar sua opinião. 

Nicolas_Salermo

Faça isso Ebbers !
Faz muito tempo que não temos novas historias dos usuários do site. 
Eu mesmo acabei parando de jogar WoD e fiquei sem inspiração, mas ainda quero continuar as minhas. 
Enfim, não esqueça não !! 

Rick_Dreadfull

Vdd, faz tanto tempo que nem entro aqui no site para comentar, mas a crônica de Penny Dreadful ainda resiste. Kkk Só que a frequência dela é quase uma vez a cada dois meses.

Mestre

Gostei da ideia, em breve faço um Zine sobre a cronologia da história de Belém com o MdT!!