Witch Finders, Spirit Slayers, Night Stalkers

por Hentges em

Um comentário sobre os suplementos de Hunter: The Vigil

Os três livros citados no título são, de certa forma, os suplementos “oficiais” de Hunter: The Vigil, pois cobrem as três principais criaturas do Mundo das Trevas, respectivamente magos, lobisomens e vampiros.

Todos os três seguem estrutura semelhante: contos intercalando os capítulos; apresentação da criatura tema do livro; ganchos em forma de documentos e relatos variados; introdução de três novos Pactos e uma Conspiração; explicação de como as organizações presentes no livro original reagem à presença desse tipo de monstro; formas de introduzi-los em diversos cenários; novos Dotes, Táticas e Equipamentos; e tudo isso junto e mais um pouco na forma de NPCs e o desenvolvimento da cidade “oficial” de Hunter: Filadélfia.

O material é de ótima qualidade, produzido com o costumeiro capricho com que a White Wolf dedica aos seus livros. Da mesma forma que ocorre no livro básico, idéias que podem abastecer crônicas inteiras surgem uma após a outra ao longo de todo o texto.

A grande pergunta é apenas uma: os livros valem o que custam, considerando que cobrem algo abordado com mais profundidade nos básicos Werewolf: The Forsaken, Mage: The Awakening e Vampire: The Requiem?

Sim e não!

Os motivos para o Sim:

Esses são livros voltados para Hunter. Logo, ainda que sejam tratados temas já familiares aos jogadores do Mundo das Trevas, eles são feitos sob um ponto de vista distinto. O conteúdo é 100% aproveitável, ao contrário do que poderia acontecer com os básicos de cada linha, que contém muito conteúdo que não interessa ou não se aplica a um grupo de caçadores. Cada um dos três suplementos permite inúmeras crônicas longas e cheias de variações. Todo o segundo parágrafo desse texto grita “Sim”.

Os motivos para o Não:

Inegável a presença do Lobisomem, do Mago e do Vampiro no imaginário popular. Devorando homens nos ermos, amaldiçoando os incautos ou bebendo seu sangue, cada uma dessas criaturas segue um padrão de comportamento mais ou menos conhecido. A White Wolf, com o Mundo das Trevas, propôs uma releitura dos mitos para a sua linha de jogos, adaptando as lendas dentro de sua proposta de horror sobrenatural e mistério sombrio.

Percebi a limitação desses livros quando, durante uma crônica, um jogador cujo personagem sofreu um lapso de memória disse algo assim: “o meu personagem não sabe, mas é claro que isso foi resultado do contato com um lobisomem e o delírio que eles provocam”.

O problema mais gritante de Witch Finders, Spirit Slayers e Night Stalkers é a brevidade das páginas dedicadas à subversão da abordagem tradicional do Mundo das Trevas. Ela contribuiria para que associações como acônito, prata e ferocidade bestial; ou sol, fogo e caixões cerrados fossem debeladas.

Percebeu que não mencionei o mago nos exemplos acima? Isso acontece porque, dos três, ele é o mais versátil dos adversários. E justamente por isso Witch Finders é o meu livro favorito. Ainda que o sistema de magia ritual apresentado seja capenga, meramente uma versão mais lenta e poderosa da magia direta e individual, ele contém ótimas possibilidades.

Disso decorre que…

Compre! Mesmo que em seja em PDF. Se você quer atirar sobre os jogadores os sanguessugas mais traiçoeiros ou tanques peludos de brutalidade primitiva, Night Stalkers e Spirit Slayers valem cada centavo. Witch Finders é para todos os narradores de Hunter: The Vigil, pois permite a criação de antagonistas de todos matizes.