O Interrogatório de Peter Stubb
KING: Tudo bem, Pete?
STUBB: Peter. É Peter. Sempre Peter.
KING: Desculpe, Pete.
KAUFFMANN: King …
KING: O quê?
KAUFFMANN: Nada.
KING: Certo. Vamos adiante com isso. Peter, me disseram que você deu uma declaração ontem, na qual confessou os assassinatos de Emma Bradbury, Bethan Cowles, Hannah Cole e Cheryl Lewis.
STUBB: Isso mesmo.
KAUFFMANN: Por que confessar, Peter?
STUBB: Porque eu fiz isso. Porque eu preciso de ajuda. Preciso de ajuda. Eu não sabia o que eu estava fazendo.
KING: Você não sabia?
STUBB: Eu era um lobo.
KING: Você era um lobo?
STUBB: Isso mesmo.
KING: Você sabe que há uma multa por desperdiçar o tempo da polícia? É uma ofensa criminal.
STUBB: Não. Eu fiz isso. Eu sou um lobisomem.
KING: Ah, não fode.
KAUFFMANN: Detetive King!
KING: O quê? O quê?
KAUFFMANN: Peter, você tem que explicar isso. É um pouco difícil de acreditar.
STUBB: Me transformo em um lobo durante a noite. Um realmente grande. Do tamanho de um touro e quase tão forte. E eu tenho garras como facas de bife e pés enormes. E eu tenho enormes olhos que iluminam tudo. Como faróis.
KING: Como faróis?
STUBB: Você só vai repetir tudo o que eu disser?
KING: Cuidado, raio-de-sol…
KAUFFMANN: Vá em frente, Peter.
STUBB: Eu sei o que estou fazendo. Eu simplesmente não posso controlar. Então, quando vejo uma mulher – quando sou um lobo, ou seja, eu não faço isso quando eu sou um homem – eu preciso devorá-la. Eu acordo com a boca cheia de sangue, há quilômetros de casa. Sem qualquer roupa.
KING: Faça-me um favor…
KAUFFMANN: Como exatamente você aprendeu a mudar para um… lobisomem, Peter?
KING: Eu sei essa. Ele foi mordido por um lobisomem. É como uma doença, entendeu?
STUBB: Eu fui até uma fronteira.
KING: Uma fronteira?
STUBB: Aqueles que são como eu acabam se transformando em lobisomem nesses lugares.
KING: Como assim aqueles? Quer dizer que têm mais?
STUBB: Sim. Vários. Estão em todo o lugar. Apenas um lobisomem pode ensinar outro como cruzar uma dessas fronteiras.
KING: E o que isso tem a ver com o Lincoln Park?
STUBB: É lá, na praia, que eu consigo atravessar para o outro lado.
KING: Quer dizer, então, que você atravessa essa tal fronteira no Lincoln Park e vira um lobisomem. Então, você sai por aí e mata mulheres…
STUBB: Sim.
KING: E você não consegue simplesmente parar de ir lá, deixar de ser um lobisomem e ter uma vida normal, como todo mundo que não uiva para a lua?
KAUFFMANN: King!
KING: OK! Vamos lá, então… Qual delas morreu primeiro?
STUBB: A ruiva foi encontrada antes. Os jornais deram a notícia primeiro. Mas foi a loira. A loira alta. Eu matei ela antes. Então a morena, então a outra loira, a pequena.
KAUFFMANN: O que…?
KING: Certo. Tudo bem. E como foi que você matou a primeira?
STUBB: Eu usei meus dentes e garras. Eu segurei ela no chão e ela lutou. Rasguei e mordi e arranhei até que ela parou de se mover, e então eu comi o coração dela.
KING: E então você bebeu seu sangue.
STUBB: E então eu bebi o sangue dela, sim.
KING: Bem, Peter, isso é meio que engraçado, porque o corpo Bethan Cowles não apresentou ausência de órgãos internos, e não teve o sangue drenado. E confie em mim, eu estava lá, e eu sei como é que um corpo sem sangue parece. Não é bonito.
STUBB: Mas eu estou lhe dizendo…
KING: Não, eu estou lhe dizendo, Sr. Stubb. Você não a matou.
STUBB: Eu fiz! Eu fiz! Eu matei todas elas!
KING: Tudo bem, então. Vamos falar de Hannah Cole.
STUBB: Qual delas?
KING: A ruiva.
STUBB: O que tem ela?
KING: Onde você deixou o corpo?
STUBB: Ao lado da estrada, debaixo de um arbusto.
KING: Ela estava dentro de um armário. Tudo bem, então. E Emma Bradbury, a outra loira? Onde você levou-a depois que atacou-a fora da boate?
STUBB: A um estacionamento.
KING: Não. No metrô, perto dos escritórios do Chicago Tribune. Que tal Cheryl Lewis? O que você fez com seu celular?
STUBB: Eu joguei no lago.
KING: Não. Você o esmagou sob seus pés. Você não matou essas mulheres, Peter.
STUBB: Eu fiz. Eu me lembro, claro como o dia.
KAUFFMANN: O seu exame de drogas deu positivo, Peter. Alucinógenos… Encontramos grande quantidade em sua casa.
STUBB: Eu estou dizendo…
KING: Cale a boca. Você não matou aquelas mulheres. Você não é um lobisomem. Está apenas querendo atenção. Eu não vou acusar você por assassinatos que não cometeu.
KAUFFMANN: Peter Stubb, estou prendendo você por posse com intenção de fornecer. Você não precisa dizer nada, mas qualquer coisa que você disser poderá ser usada como evidência. Você entendeu?
KING: Para fins de registro, recomenda-se que Peter Stubb passe por uma avaliação psicológica. Parece que o pessoal do Bishopgate vai ter trabalho com esse aqui.