Capitão Vampiro e os Vampiremen

por renatorecife em

Como narrador eu adoro subverter os temas e tons de um jogo, não é porque um livro de RPG diz que ele deve ser jogado dessa ou daquela maneira que eu sou obrigado a fazê-lo. Vampiro: o Réquiem é vendido como um jogo de gótico contemporâneo, mas se eu quiser narrar uma sessão ou uma crônica de ação, romance, fantasia ou sci-fi, a White Wolf ou a Devir não vão entrar na minha casa e tomar o meu livro.

Quem já deu uma sacada nos Chronicler’s Guides de Vampiro e Mago ou no World of Darkness: Mirrors sabe como uma crônica pode ficar interessante ao se mudar algumas premissas dos livros básicos.

 

É isso que pretendo fazer nesse e em outros futuros artigos. Se você é um narrador ou jogador purista de Vampiro, sugiro que pare de ler agora, mas se você gosta de um pequeno exercício de imaginação ou se já jogou e narrou tantas vezes que o jogo se tornou enfadonho, siga em frente.

 

A crônica que estou propondo nesse artigo, como o nome já deve ter indicado, é de super-heróis, mas com um toque bem típico de Vampiro.

 

A ideia é que a crônica se passe numa cidade controlada por vampiros, mas com o diferencial de que os membros controlam apenas as instituições ligadas ao governo (polícia, prefeitura, justiça, etc.) e as atividades lícitas (comércio, indústria, mídia, etc.), nenhum deles tem controle ou sequer influência sobre as atividades criminosas da cidade.

 

Na verdade, muito membros tentam há décadas estender sua influência sobre as gangues e máfias da cidade, mas sem sucesso, os líderes das gangues e os chefes mafiosos são simplesmente inacessíveis aos vampiros, e sempre que tentam infiltrar um ghoul numa organização criminosa ele desaparece pouco depois de ter se infiltrado e logo é encontrado morto em algum ponto de “desova”.

 

Os anciões mais paranóicos têm certeza de que os chefões do crime sabem da existência dos vampiros, mas a maioria acha que eles simplesmente são muito mais cuidados e atentos que a maioria dos mortais.

 

Como então os vampiros em geral, e os anciões em particular, vão lidar com isso? Bem, se os vampiros não conseguem controlar algo que os incomoda, a opção seguinte é eliminar o incômodo. Os anciões têm usado sua influência junto às autoridades para garantir que a polícia esteja sempre bem treinada e equipada, mas isso parece não ser suficiente para enfraquecer o crime organizado, então eles decidem tomar uma atitude mais direta e agressiva.

 

Claro que nenhum ancião vai colocar seu traseiro morto-vivo em perigo, afinal é pra isso que servem os neófitos, mais especificamente os personagens dos jogadores.

 

Nessa crônica os personagens dos jogadores serão uma Coterie formada por influência dos anciões da cidade, com o objetivo de atacar e destruir as organizações criminosas locais, eles receberão equipamento (armas, veículos, etc.) e apoio logístico (informações, sangue, etc.) em sua cruzada contra o crime e serão recompensados com status, cargos e domínios na cidade.

 

Isso foi apenas o pontapé inicial da crônica, o que acontece a partir daí depende de cada grupo e de como o narrador quiser conduzir a crônica, algumas possibilidades são:

 

1) Os chefes do crime realmente sabem da existência dos vampiros e ainda conhecem seus poderes e fraquezas, instruindo seus lacaios a mirarem os tiros na cabeça e no coração dos vampiros e a utilizarem fogo contra eles.

2) O crime na cidade é controlado por membros de outro grupo sobrenatural, como Magos ou Lobisomens, e da mesma forma que os anciões formaram uma Coterie para combater o crime, os chefes criminosos formam uma Cabala ou Alcatéia para proteger suas atividades ilegais.

3) Os jogadores conseguem desmembrar o crime organizado, mas os mesmos anciões que os reuniram passam a temê-los e decidem acabar com eles. Os jogadores agora vão ter que tentar sobreviver sem os recursos com os quais contavam antes.

 

Uma ótima fonte de inspiração para essa crônica é o desenho Batman: The Animated Series, mas a fase do Demolidor por Frank Miller e as histórias do Homem-Aranha que tem o Rei do Crime como inimigo também são boas pra pegar o clima de como seria essa crônica.