Estranhos na noite

por VCarity em

Enquanto eu não posso começar a minha crônica de Vampiro o Réquiem, não faz mal exercitar um pouco a criatividade, então escrevi uma pequena história e espero que vocês gostem. Era em 1966, um ano frio, ao menos para essa história e em algum lugar onde os pingos da chuva caiam de leve e sons de buzina podiam ser escutados vindo da avenida. Virando a direita existia uma rua cinza e calma, onde podia se observar vários carros estacionados, alguns velhos, outros que em seu metal era refletida a luz da lua

Era em 1966, um ano frio, ao menos para essa história e em algum lugar onde os pingos da chuva caiam de leve e sons de buzina podiam ser escutados vindo da avenida. Virando a direita existia uma rua cinza e calma, onde podia se observar vários carros estacionados, alguns velhos, outros que em seu metal era refletida a luz da lua. Subindo a calçada e no meio, mas exatamente no meio existia um antigo bar. O local se chamava A Casa do Sol Nascente, o que era de certa forma irônico, já que você descia quatro degraus para entrar no local, quatro degraus antigos de pedra que suportaram mais bebida e brigas do que o tempo permitiria, mas ainda quebravam o galho, afinal eram só degraus. A ironia é que provavelmente quando o sol nascia nenhum dos seus raios invadia o lugar, era fechado e proporcionava um conforto sem igual para as noites em que as pessoas se sentissem mais solitárias, ou apenas precisassem de alguém para conversar. Sua estrutura não era das mais extravagantes, um balcão onde eram servidas as mais variadas bebidas e um dúzia de mesas geralmente próximas a parede e ao redor delas ficavam alguns sofás, no meio do local se encontrava um pequeno palco onde alguns poucos artistas refinados que ainda restavam às vezes se apresentavam claramente os hippies não apareciam aqui.
Certa noite um homem branco de estatura um pouco alta e levemente robusto escutou sobre este local e resolveu visitá-lo, ele tinha cabelos negros como à noite e um charme que poucos tinham, olhos escuros e calmos com seu terno a risca de giz que lhe deixavam com uma postura de cavalheiro. Seu nome era Thomas Johnson e aparentava ter uns 30 anos. Calmamente ele estacionava seu carro em uma vaga que teve sorte de encontrar, e enquanto o som do motor lentamente ia sumindo ele abriu a porta e colocou seu corpo para fora do Cadillac e saiu caminhando. Seus passos produziam um som único devido ao sapato italiano, ele tinha classe.
Ao entrar no local sentiu a mudança de temperatura, finalmente um local confortável pensou. Dirigiu-se ao balcão onde se sentou em um dos banquinho próximo e em um movimento suave colocou os braços em cima do balcão. Tinha uma expressão cansada e insatisfeita no rosto. O crioulo que tomava conta do bar estava limpando alguns copos de forma que os deixasse brilhando, ele percebeu o cliente e aproximou-se perguntando:
-Posso ajudá-lo chefe?
- Infelizmente acho que não.
- Alguma bebida?
-Não. Obrigado, deixe-me apenas pensar um pouco.
Não demorou muito e então alguém se aproximou dele, para ser mais exato uma linda dama, que aparentava estar entre a casa dos 30 e 20 anos. Seus lindos fios de cabelo negro caindo sobre os ombros, trajada em um vestido de ceda vermelho do qual a luz reluzia, curvas delicadas e de perfeitas proporções que fariam inveja a mais bela das mulheres. Sentou-se ao lado de Thomas, de forma que na posição que ele estava podia apenas ver os seus lábios cobertos por um batom combinando com o vestido. Então um som bem suave saio da boca dela:
- Olá docinho, posso saber o porquê dessa cara de frustração?
- Ate que eu gostaria de dizer, mas algumas coisas é melhor apenas esquecer...  Você é provavelmente bem mais nova que eu, chamar os outros de docinho é algum jeito novo de começar a conversa com homens mais velhos?
- Algumas vezes a aparência pode enganar sábia? – Disse ela enquanto afirmava com a cabeça. – Posso te oferecer uma bebida?
- Sabe? Na maioria das vezes é o homem fica no controle da situação, nunca havia conhecido uma jovem dama tão espontânea. – Ele estava fascinado por cada detalhe dela, quase como se estivesse hipnotizado por tamanha beleza – Obrigado, mas eu não bebo e quanto a você aceita uma bebida?
- Quer recuperar o controle não é? Mas também não bebo. – Disse enquanto olhava ele nos olhos. Ela realmente tinha um ar de sabedoria que não de encaixava em sua idade.
- Então você é o tipo de mulher que embebeda os velhinhos e leva tudo o que eles tem? – Não conseguia tirar os olhos dela.
- Talvez – Deus uma risadinha enquanto colocava o cabelo atrás da orelha direita, revelando uma linda perola em um brinco – Eu me chamo Lisa, Lisa Turner e você?
- Thomas, Thomas Johnson.
- Então Thomas, eu me sinto um pouco cansada o que me diz de uma carona?
- Claro – Mas a verdade é que por mais que pudesse não podia recusar.
Enquanto os dois lentamente deixavam o local, pode-se escutar do palco alguém cantando “Strangers in the night exchanging glances. Wondering in the night. What were the chances we'd be sharing love. Before the night was through.” E uns poucos olhares invejosos que logo viraram sua atenção para outros assuntos.
E juntos os dois riam, ele abriu a porta do carro para ela, depois que ela entrou ele fez a volta, entrou e ligou o motor, olhou novamente nos olhos dela com adoração. Enquanto o carro andava pelas estradas quietas e noturnas do local, estava escuro e as luzes dos postes apareciam quase que em uma seqüência de tempo exata, então ela disse:
- É aqui.
Parou o carro ao lado da calçada em frente ao seu apartamento. Novamente levantou-se e abriu a porta para ela, segurando-lhe a mão acompanhou-a ate a porta.
- Não gostaria de entrar? – Lisa perguntou.
- Claro.
E enquanto subiam os degraus escuros da escadaria, conversavam como se fossem amigos que há muito tempo se conheciam. Ao se aproximarem da porta em que estavam pendurados os números 042 ela vasculhou sua pequena bolsa de couro preta atrás da chave e quando as achou olhou para ele sinalizando que tudo estava bem. Entraram no apartamento, que era simples, mas muito bem organizado o local estava bem limpo e aparentava que os moveis não eram muito utilizados, ela então perguntou:
-Gostaria de uma xícara de café? Só enquanto me arrumo e podemos conversar.
- Sim, porque não? – Ele se sentia como se estivesse preso a ela, a magnitude dela era cada vez maior sobre sua mente.
Então ele caminhou ate a varanda, enquanto ela ia preparar o café. Apoiado no balaustre onde podia ver a linda lua cheia, ela estava realmente bela hoje, amarela e brilhante como não havia visto durante um bom tempo. Abaixo podia ver a rua parada e tranqüila esperando apenas mais um dia e algum gato miando enquanto revirava as latas de lixo. Então ele sentiu as mãos dela em sua cintura o abraçando ele se virou, de forma que a luz da lua sobre os dois criasse duas silhuetas de certa forma românticas. Colocou o cabelo dela por traz da orelha, os dois estavam se olhando nos olhos e Thomas perguntou:
- Como alguém pode ser tão bela, de forma que nem a lua chega aos pés dela?
Seus lábios então se aproximaram e juntaram-se em um beijo que a grande maioria das pessoas sonha em dividir, então lentamente ele se aproximou do pescoço dela e o mordeu, foi algo esplêndido e violento, ao passo que se saciava com o sangue da moça. Após um tempo afastou os lábios, mas deixou a ferida aberta de forma que parte do sangue voasse no chão da varanda e no balaustre. Então ele parou e deu uma gargalhada, olhou para ela e disse:
- Você é realmente bela, mas eu menti quanto à parte da lua. – E a empurrou da varanda fazendo com que ela caísse quatro andares abaixo gritando e se chocasse contra o chão, onde o sangue que sobrou escorreu ate seu ultimo suspiro. Então lentamente deixou o lugar enquanto cantava uma música que estava na sua cabeça Something in your eyes was so inviting. Something in your smile was so exciting. Something in my heart. Told me I must have you.” Aquele era o tipo de lugar em que os vizinhos geralmente não se importavam com os outros pensou, então entrou no seu carro, antes de dar partida olhou para o céu e falou:
- Realmente hoje à noite esta linda, linda como eu nunca havia visto durante muito tempo.
E lentamente o Cadillac foi consumido pelas sombras da noite.



Victor Carity quer muito que Cidade dos Amaldiçoados Nova Orleans chegue, ele precisa começar sua crônica, pois que ser mal com os jogadores.