Caminhos Cruzados - Capítulo 1 - Rosa Maria (parte 1)
Enfim na estrada!
O nascer do sol nunca foi tão bem recebido por eles. Matt não demorou muito até recobrar a consciência e se certificar que tudo enfim teria acabado.
Agora sabiam exatamente onde estavam. Estavam na estrada de acesso para a zona oeste da cidade de Nova Orleans, uns trinta quilômetros os separavam da cidade. A saída era pedir carona.
Por sorte, após alguns minutos uma minivan se aproximou.
Matt- Olha lá, tem um carro vindo!
John - Calma, ele não vai dar carona pra um bando de pessoas machucadas e maltrapilhas.
Kate - Gente, esconde que eu vou pedir carona sozinha.
Se posicionando a beira da estrada, Kate sinalizou para o carro, desesperada...
Nadine - Olha ali, uma mulher toda suja e machucada! O que será que houve com ela?
Louis - Não sei Nadine. Coisa boa não deve ser! E isso não é problema nosso. Vamos embora!
Nadine - Como assim, "vamos embora"? Eu sou médica! É meu dever socorrer alguém ferido, não importam as circunstâncias! Vou parar o carro e ver o que está acontecendo.
Então Nadine parou o carro e desceu para ver como Kate estava.
Nadine - Tudo bem, eu sou médica. O que houve com você?
Kate - Nada, só leva a gente daqui, por favor!
Nadine - A gente quem?
Naquele momento, todos saíram de onde estavam escondidos e pediram carona até Nova Orleans. Nadine viu que um dos homens estava armado e não teve escolhas. Com medo, ela ofereceu carona para todos e eles começaram a entrar no carro, rapidamente.
Kaill - Eu não vou com vocês! Ainda tenho coisas a fazer por aqui.
Após dizer isso, Kaill virou as costas e voltou ao lugar que todos os outros fugiram e desejam nunca mais ter que voltar. Sua reação foi recebida com espanto por todos. Matt tentou argumentar a fim de impedir que ele fosse mas foi impedido por John.
Durante o trajeto, as apresentações foram feitas:
Nadine - Meu nome é Nadine e esse é o Louis, meu irmão. Nós moramos em uma fazendo aqui perto. Eu estou terminando o curso de medicina na Universidade de Tulane.
Louis - Eu ganho a vida mexendo em computadores.
Louis estava meio resistente em conversar com os estranhos. Não era pra menos, todos com cara de cansados, machucados, sujos e alguns com sangue por toda a roupa.
John - Eu sei que vocês estão assustados, mas tá tudo bem! Eu sou policial e nós fomos sequestrados. Por sorte conseguimos fugir.
Mesmo sabendo que eles não acreditariam, John sentiu a necessidade de dar uma resposta àqueles dois que foram praticamente forçados a ajudá-los.
Após mais alguns minutos, Ryan resolveu falar:
Ryan - Eu tenho que contar algumas coisas pra vocês!
John cutucou em seu braço, impedindo-o de falar na frente dos estranhos, o que fez o Ryan completar dizendo:
Ryan - Vou à igreja Corpus Christi hoje a noite! Quero assistir o culto das vinte horas!
Na entrada de Nova Orleans, Nadine parou no Campus de Tulane, desceu do carro e deu as chaves pro Louis.
John - Louis, te atrapalha muito deixar a gente na delegacia em Terrytown?
Louis - Não, vamos lá.
Na delegacia, enquanto todos trocavam telefones antes de dirigirem-se a seus respectivos locais de trabalho, Louis se lembrou de um compromisso, olhou no relógio e disse estar atrasado. Imediatamente saiu correndo para fora da delegacia, em direção ao carro, rodou alguns quarteirões até se certificar que não tinha sido seguido, parou o carro e foi recontar um dinheiro que trouxe de casa. De inicio, ele não encontrou a mala contendo o dinheiro, então começou a vasculhar todo o interior do veículo. Não encontrando sua mala ele voltou à delegacia para tirar satisfação com os outros. Chegando lá, todos já tinham ido embora, com exceção de John, que estava em serviço.
Louis - John, roubaram alguma coisa minha e só pode ter sido alguém entre vocês, porque eu deixei no carro, onde vocês estavam.
John - Calma rapaz, não vá acusando os outros assim. Eu posso ver com eles, mas não tenho como te garantir nada.
O que foi que você perdeu?
Louis - Uma mala!
John - O que tinha dentro dela?
Louis - Eu não posso falar, só encontre minha mala. Minha vida depende disso!
John - Se você não me falar o que tinha na mala eu não posso te ajudar!
Louis - Apenas procure por ela.
Os dois trocaram telefones e John ficou de tentar encontrar alguma coisa a respeito do objeto. Louis entrou no carro e saiu em direção ao centro da cidade, onde havia marcado de deixar o dinheiro com um homem.
Louis - Olá Jackson! Tudo bem?
Jackson - Vai ficar tudo bem depois que você entregar o meu dinheiro.
Louis - Então cara, eu tive um problema com o dinhe....
Antes que o Louis pudesse se explicar, aquele homem todo estilo motoqueiro bad boy o pegou pelo colarinho e o erguei do chão.
Jackson - Não me diga que não arrumou meu dinheiro!
Louis - Calma, eu arrumei sim! Me coloca no chão!
Jackson colocou Louis no chão e ele começou a inventar qualquer história para tentar ganhar tempo.
Louis - Eu estou com o seu dinheiro! Só tive problemas de extravio!
Jackson - Extravio? Você tem até amanhã ao meio dia para me arrumar esse dinheiro ou eu vou extraviar você deste mundo.
As ameaças pareciam ser sinceras, vindas daquele motoqueiro de estatura mediana, cara de mau e força física incompatível com seu tamanho.
Após a ameaça, Jackson montou em sua Harley Davidson e saiu cortando os carros na avenida, desaparecendo instantes mais tarde.
Mais tarde, Louis ligou para John na esperança quase nula de obter alguma informação. Esta esperança se esfacelou com a resposta negativa de John.
Louis seguiu para casa voltando no início da noite para buscar Nadine, como combinado. Assim que deixou Nadine em casa, Louis se preparou para sair. Ele havia se lembrado da igreja mencionada pelo Ryan durante a conversa na minivan. Nadine percebeu que havia algo errado nas reações de seu irmão e começou a indagar:
Nadine - Onde você vai estranho desse jeito?
Louis - Tenho algo a resolver!
Nadine - Eu vou com você!
Louis - Não vai não!
Nadine - Você escolhe, ou vamos os dois no seu carro para evitar de sair com os dois ou eu vou te seguir no meu por onde você for!
Louis - Tudo bem, eu te levo. Mas você não vai me perguntar absolutamente nada. Entendeu?
Nadine balançou a cabeça de forma afirmativa e assim eles seguiram até a igreja.
Kate foi a primeira a chegar, assim sendo, entrou e começou a assistir o culto. Logo após ela chegar, Ryan chegou e também começou a assistir o culto que estava apenas iniciando.
Cerca de cinco minutos mais tarde, John chegou em seu carro. Ainda dava para ele assistir boa parte do culto, mas ele preferiu esperar lá fora, afinal o objetivo dele hoje não era falar com DEUS.
Matt chegou em sua moto quase no final do culto, quase que simultaneamente com Nadine e Louis. Todos esses aguardaram ao lado de fora enquanto a celebração ao cristianismo acontecia. Tudo normal até então. Após o término do culto, Kate viu Ryan se levantar e caminhar na direção do padre. Eles trocaram algumas palavras e foram para uma sala localizada atrás do altar. Ao lado de fora da sala ficou um homem de cerca de um metro de noventa de altura. Uma pilha de músculo que parecia fazer a segurança do padre.
Kate resolveu então esperar ao lado de fora, junto com os outros.
Poucos minutos se passaram até que Ryan deixou a igreja. John o encarou durante todo o percurso, até que Ryan passou ao seu lado e simplesmente o ignorou. John então o chamou em um canto e perguntou:
John - Então Ryan, o que você tem a nos dizer sobre isso?
Ryan - Eu não tenho nada a dizer!
John - Você nos chamou aqui! Deve ter algo a dizer. Você nos deve respostas!
Ryan novamente disse que não tinha nada a dizer e ameaçou ir embora. John então o pegou pelo braço, apertando violentamente e chamando a atenção de todos.
John - Vamos Ryan! Começa a falar, logo!
Com a mesma violência, Ryan puxou seu braço e os dois começaram a se encarar...
Padre Marrow - Chega! Não admito brigas na porta da casa de DEUS! Vamos, entrem todos. Tenho coisas a conversar.
Ryan - Mas padre...
Padre Marrow - Já chega Ryan.
Louis - A Nadine e eu vamos aguardar aqui fora, afinal não temos nada a ver com esse problema. Meu assunto com eles é outro.
Padre Marrow - Vocês os tiraram de lá e com isso estão envolvidos também, portanto vamos entrar todos.
Todos entraram na sala onde antes Ryan tinha ido sozinho com o padre e ficado por alguns minutos. Tratava-se de uma sala de reuniões, com uma mesa redonda, cortinas vermelhas e uma imagem de Jesus Cristo crucificado a qual o padre fez questão que todos mostrassem reverência ao beijá-la.
Padre Marrow - Primeiramente deixem eu me apresentar, me chamo John Marrow e a muito tempo sou o responsável pelos cultos noturnos nessa igreja. Celebro sempre o culto das vinte horas e o culto da meia noite. O Ryan me contou tudo o que aconteceu com vocês.
A Prole de Belial, cujo símbolo vocês viram, é um grupo de arruaceiros que se contenta em fazer bagunça e matar tanto quanto podem. Eu não acredito que eles tenham armado isso sozinhos. Recentemente, eu tive informação de que uma mulher, conhecida no nosso meio como Mary estava ligada à Prole de Belial com planos em comum. Não posso precisar ao certo se isso tem ligação direta com vocês, mas eu sei que a Prole não desiste de suas presas e faz de tudo para eliminá-las. Portanto tomem cuidado, a Prole é perigosa e a Mary mais ainda.
John - Onde podemos encontrar essa tal de Mary?
Padre Marrow - Tem um homem que sabe onde encontrá-la, mas não sei se ele vai recebê-los.
John - Me dá um contato dele! Nome telefone ...
Padre Marrow - O nome dele é Antony Savoy e ele pode ser encontrado a noite no mercado francês. Dificilmente ele estará disponível e ainda assim eu duvido que ele se disporia a ajudá-los.
Kate percebeu naquele momento, que Ryan engoliu seco a notícia do padre e que se mostrou bastante espantado com a revelação, como se ele conhecesse esse tal de Antony Savoy e soubesse que ele não era boa coisa.
Antes de terminar a reunião, o padre disse que Savoy é conhecido como "O Lord do French Quarter".
John imaginou que esse nome pudesse vir de algum criminoso forte e influente como um possível mafioso, mas era cedo para tirar conclusões precipitadas.
John propôs que todos voltassem ao galpão para averiguar melhor o local, mas isso seria feito durante o dia. Receosos mas de acordo, ficou tratado que todos iriam pra lá na manhã seguinte. John propôs que todos dormissem em sua casa, pois juntos eles teriam mais chances de se defender. Todos concordaram e eles se revezaram em quartos de hora para dormir e vigiar o local.
Pela manhã, eles se dividiram nos carros do John e do Louis e foram de volta aquele lugar que com certeza marcou suas vidas para sempre.
Tudo parecia normal. Eles pararam o carro antes da casa incendiada e seguiram a pé até avistar de longe o corpo do homem morto pelo Chicote...