Capitulo 4 – Um sonho? Não é a realidade!?
Katherine abre os olhos e ergue o corpo rapidamente sentindo, depois, uma ardência enorme no estomago. Com as mãos sobre o ferimento ela respirava ofegante, sentia a garganta seca e o corpo suado, a visão estava turva, o nariz frio, assim como os pés e as mãos. Segundos depois sentia uma mão delicada descer sobre os ombros e recostá-la numa cama simples, de madeira.
- Deite-se, passou por muita coisa esses últimos dias.
- Ann... – A jovem olhava para o lado, mas não conseguia enxergar direito, a visão continuava turva e o corpo fraco e dolorido. Identificava aquela voz, era familiar. Sentia no peito, era calorosa e doce.
- Está segura agora. – As mãos acariciavam os cabelos de Katherine e, por fim, fechando os olhos ela pode escutar a voz cantar uma doce canção, uma mesma canção que não ouvia há tempos e, por alguns segundos, ela pensou ser alguém que não via há anos.
- Mãããe? – A voz cessava o canto, mas continuava a acaricia-la. – Mãe, não... pare... Eu gos...to quando...canta essa musica... pra mim... – Katherine fechava os olhos sem forças, lagrimas escorriam. – Por... quê? Por... que me deixou? Eu não era... boa... o suficiente?
- Não chore Katherine, você é boa o suficiente sim. Mas, precisava... para a sua segurança... - A voz voltou a cantar e a jovem perdia a consciência.
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Em algum lugar da floresta de Denver, 22h00min, 17° dia do ciclo lunar.
A lua no céu estava linda, os olhos de Kurts fitavam-na admirando o brilho. Enquanto isso, longe dali a jovem acordava de seu sono profundo, abria os olhos lentamente e olhava o ambiente. Sentia uma ardência no estomago, tocava de imediato com as mãos, mas não era uma dor forte. Logo olhava ao redor e via que estava novamente no galpão, mas em um local diferente. Ali existia uma cama no qual ela estava deitada, cobertores e alguns objetos pessoais.
“O-o que aconteceu?” – Pensava Katherine esfregando os olhos. – “Foi tudo um sonho?”
“Não!” – Uma voz ecoou em sua mente e
novamente um corvo pousava nas cobertas, mas agora ele estava calmo apenas
olhando com seus profundos olhos negros.
Katherine se assustava, pois sabia que aquela voz era daquele corvo, mas
não se movia, sentia o oposto de assustada.
- Leu meus pensamentos... – Ela resmunga
- Não vai fugir? Por me ver falar?
- Aconteceu tanta coisa estranha nesses últimos dias... Acho que você é a coisa mais normal por aqui.
- A palavra que busca é racional. Sua ferida? Ainda queima?
- Um pouco... Então, não foi um sonho? – Ela olha para o estomago, a camisa estava manchada de seu sangue.
- O plano dos sonhos é apenas um mundo que os humanos vão para fugir dos limites com vontade. A palavra que procura é pesadelo, mas não, não foi um pesadelo.
- Até minha mãe?
- ... – O corvo apenas olha para o lado, desviando o olhar. – Kurts está na vigília, os Puros podem voltar, mas acho que ele quer conversar com você.
- Por quê?
- Você faz perguntas demais.
- E não gosta? – O corvo parecia dar um pequeno sorriso com aquele bico mal tratado e retornava a olhar a pequenina.
- Dana está lá em baixo, vai leva-la para vê-lo. – O corvo voa para a janela. – Até breve.
- Até... – Katherine falava olhando o voo do corvo para fora do galpão. Depois de alguns segundos observando saia da cama. Suas roupas mais uma vez eram feitas de couro, pele de algum animal da floresta, mas ela não se importava tanto. Achava até confortáveis. Logo saia do ‘quarto’ e descia as escadas que davam para o centro do galpão onde ela tinha acordado alguns dias atrás. A pelagem que serviu como cama não estava mais onde ela achou que estava, mas via a Dana, ela estava lendo concentrada. Katherine sentia um alivio e até segurança com a mulher de cabelos, mas não seria hora para pensar.
- Dana! – A garota se pronunciou e logo a mulher de cabelos claros olhava-a e sorria.
- Que alivio que acordou! – Katherine continuava séria e percebendo isso Dana desfazia seu sorriso.
- O que aconteceu?
- Na floresta?! Ah, a floresta tem uma divida com Kurts, logo ela te salvou.
- Divida? Com a floresta? – Dana fechava o livro e erguia-se.
- São muitas coisas para aprender, mas não se preocupe, terá tempo. Vamos, Kurts espera-te. – A mulher começa a caminhar, mas Katherine apenas observa parada.
- Dana... – A mulher para e olha para trás, percebia a menina abaixar os olhos aparentando estar um pouco aflita.
- Sim?
- Eu acho que vi minha mãe. – Dana volta a olhar para frente no mesmo instante que Katherine a observa.
- Como?!
- O Corvo. Ele disse que era tudo real. Eu... Eu escutei a voz da minha mãe.
- Como sabe que é ela?
- Eu não sei, apenas senti. – A mulher dos cabelos claros volta a olhar a menina e retorna a ela agachando e tocando em seu rosto, pela primeira vez, Dana a olha nos olhos com seriedade.
- Kurts irá te responder tudo, foi o que combinei com ele.
- Combinar?
- Sim. As perguntas que você tem em sua cabeça serão respondidas por ele, pode apenas esperar um pouco?
- Sim...
- Então vamos. – Dana estende a mão à pequena jovem. Katherine sente receio, sabia que aquilo poderia ser a resposta para tal vingança, mas sentia medo. Medo da verdade. Mesmo assim a menina toca na mão de Dana, pois confia nela. Era como se os olhos da mulher lhe dessem um conforto que nunca sentiu na vida, seria amor?
Continua...