DRAGÕES - Capitulo 5 - O amor dos Errantes
Laurel - VERMELHO
David - VERDE
Errante - NEGRITO/ITÁLICO
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O sangue arde em minhas veias quando escuto o som.
O som da dor.
O som do medo.
O som do desespero.
O profundo, penetrante e angustiante som da morte de toda a esperança.
Eu estou vivo.
Pela primeira vez, estou verdadeiramente vivo.
Sem dúvidas e inseguranças.
Sem questionamentos e arrependimentos.
Ser poderoso!
VIVO!!
VIVO...
E no entanto, é só o começo.
Este é o nascimento de uma nova aliança.
Uma nova promessa que tomará o lugar daquela que não foi honrada.
Vocês são essa aliança.
São a promessa manifesta
Não resistam!
Acolham a mudança.
Ela é amor!
Eu sou amor!
Não existe nada além!
- NÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOO! FIQUE LONGE DE MIM!! M-ME DEIXE EM PAZ!!
- Tudo bem, David? - Laurel se levanta do chão logo ao lado dele.
- Tudo... tudo certo, Laurel. Eu estou legal. Foi só um pesadelo, só isso...
- Nesse pesadelo você... era um dos Errantes?
- Era... Como você...?
- Não era pesadelo. Foi uma promessa. Temos que seguir em frente. Estamos demorando demais. Nesse ritmo, vamos ter sorte se chegarmos lá antes de... Ah! Antes!! - Antes que David se tornasse um deles, ou antes dela o matar, era o que queria dizer... - Tá com fome?
- Não!
- Talvez a gente devia comer alguma coisinha...
- Olha, toda vez que você diz que devemos parar para comer, logo acontece algo sinistro ou a gente se mete numa situação bizarra pra cacete. Eu é que não....
- Eu só ia te oferecer um pedaço de bife defumado. Podemos comer sem precisar parar. Eu tenho com tempero TERIYAKI ou sabor nogueira defumada.
- Não gosto nem do sabor TERIYAKI nem nogueira. Não tem do sabor tradicional mesmo?
- Aqui é o plano intermediário! A gente come o que der para descolar.
- Tudo bem, eu aceito a nogueira mesmo, porque a TERIYAKI é a que eu realmente detesto.
- Lamento, você pensou demais para escolher. Já comi o nogueira. Agora é TERIYAKI ou nada.
- Tá legal, eu quero essa... merda!
- Temos companhia. - Laurel ver uma sombra de uma criatura com enormes garras se mover e logo se preparam para defender, quando a sombra estava muito próxima, David se joga em cima da suposta criatura. Era um outro errante, igual as outras, verde com listas pretas e coberto por um manto negro.
David começa a espancá-lo com todas as forças no seu rosto até que a criatura começou a sangrar, para finalizar David pegou uma pedra ao seu lado e uns segundos antes de tentar atingi-lo a criatura falou quase sem forças:
- Laureeeel.... Ajudeee-meeee... Ajuuudeeee-meee...
David não o atacou pensando que Laurel iria explicar mais sobre aquela criatura, ele então o imobilizou e levou para o primeiro prédio abandonado que conseguia ver. Eles amarraram aquela criatura numa cadeira com uma corda que acharam lá mesmo.
- Ajude-meee... por favoooorr...
- E ai? Tá afim de conversar a respeito?
- Não mesmo!
- Ele te conhece. Está te chamando pelo nome. Como ele sabe o seu nome? Você conhece esse cara né? Por qual razão pediria ajuda?
- Eu disse que não!!
- Ajudeeeee....
- E porque?
- ESCUTA AQUI! AGENTE NÃO TÁ NUMA SALA DE INTERROGAÇÃO, EU NÃO SOU UM MELIANTE QUE VOCÊ PRENDEU FUGINDO DE UMA LOJA DE CONVENIÊNCIAS E NÃO TENHO QUE DIZER MERDA NENHUMA!!
- Ajudee-meeee....
- Será que ele tem que ficar repetindo isso o tempo todo?
- Quem é esse cara?
- Eu já te falei... Eu te expliquei que você não foi o primeiro que veio parar aqui e tentou resgatar a própria alma
- E pelo visto, nenhum dos anteriores conseguiram, certo?
- Exato, ele foi um deles... Eu gostava dele. Era irritante, mas eu gostava dele. Ele se adaptou rápido. Aprendia o que tinha de aprender no caminho.
- E o que seria?
- Não posso contar.
- Porque não?
- Porque é diferente para cada pessoa. Ninguém segue a mesma trilha duas vezes. A dele foi... particularmente difícil. Como residia no meio-oeste quando veio parar aqui, ele precisava cobrir metade da distância que a gente no mesmo prazo. Por isso, acreditou que tinha uma boa chance. Só esqueceu as nevascas do inverno, estradas bloqueadas e o vento ártico. Perdemos muito tempo. Mas conseguimos chegar lá. embora a gente... Ele já estivesse quase sem tempo... Foi a primeira vez que eu tive que... ninguem jamais...
- tudo certo com você?
- O que você quer?
A criatura pega um papel no seu bolso um pouco que com dificuldade e mostra para Laurel.
- Muito antes... Poupei dinheiro... Tinha conta secreta... esposa nunca soube... fiz por ela... e para... filha... faculdade. Se eu morresse... tempos difíceis para elas... sei que precisam dinheiro... pegue conta... não posso avisar... não nesta forma...morreriam de medo... por favor, Laurel... diga para elas... Laurel...
- Você sabe que isso vai contra as regras do seu... Digo, você está ciente do que vai acontecer quando descobrirem, né? e VÃO descobrir...
- Por favor!!
Laurel então se retirou da sala e foi em direção à um telefone publico.
- Você vai telefonar? Como é possível?
- Eu fui ao outro plano pra te buscar. Posso fazer isso.
- Mas você não me disse que os telefones estão todos zoados neste lado?
- E estão
Laurel então discou para o numero que lhe foi dada, enquanto esperava ser atendida David percebeu que a criatura tinha conseguido se soltar das cordas destruindo toda a cadeira, mas aquilo não tentou agredi-los, preferiu manter distância.
- ... É, isso mesmo. Eu sou... Eu era... Uma amiga do seu marido. Estive com o Drake pouco antes de... ele morrer. Escuta, Drake me pediu para te passar uma informação... Me perdoe por ter demorado tanto para te encontrar mas... você tem papel e caneta? Vai ser preciso anotar.... 1,7,9,1,9,3,9. Anotou direitinho? Pode repetir para eu confirmar? Porque não vou... Acho que não vou conseguir ligar de novo. Claro... Claro! Não,, imagina! Não é problema algum... me desculpe, é que não deu pra ouvir direito, pode repetir?
Nesse momento Laurel aponta o telefone para aquela criatura verde que pega e começa a escutar sua mulher falar ao telefone.
- Muito obrigada pelo que você fez. A situação anda superdifícil pra nós. Isto vai ser a nossa salvação. Não passa um dia sem que eu sinta saudade dele. Não tem um dia em que eu não veja meu marido em tudo que é canto... Só que isso... vai ajudar demais. Donna vai gostar tanto de saber que seu pai deixou essa conta pra ela. Obrigada mesmo. Alô? Alguém ai?
- Precisamos ir. Eles monitoram as linhas telefônicas vão saber onde estamos. Por isso temos que ir rapidinho para bem longe daqui.
- E como fica esse errante? A gente não pode simplesmente largar o coitado aí desse jeito, não dá nada para fazer nada por ele?
- O que está feito, está feito. Agora, ele tem que tomar o próprio rumo.
- Você é a maior peça rara, tá sabendo? Você ajuda o cara, eu começo a acreditar que tem um coração debaixo dessa casca grossa... e de repente, sem mais nem menos, a rainha do gelo ressurge.
- Lau...reeel...Muuitoo... Obrigaaado... E vocêêê? Quanto faaalta... pra vocêê... ser eeeeeu?
- De acordo com a Laurel, seis... talvez sete meses.
- Não termineee... Jornada... pare... em alguuuum lugar... perto d'água... e viva... enquanto puder... cinco meses, no máximo.... Depois, deixe ela te matar... melhor... mais rápido... e limpo
Laurel já estava mais ao longe quando o errante tinha lhe falado isso, David então acelerou o passo para acompanha-la.
- O que ele disse?
- Nada... Ah, o que eu te disse antes... foi muito errado. É que... percebi uma coisa... e seja como for, quando olhei para ele... sei lá, eu me vi... caso isto não dê certo. Perdido e sozinho... e eu... não devia ter falado aquelas coisas. Sinto muito.
- Tudo certo, David. Estamos todos perdidos e sozinhos.
- Bom, de repente é nesse momento que as coisas acontecem, vai ver, é preciso estar no fim da esperança para se apegar de novo à ela. Talvez isto signifique tanto para você... Que o seu triunfo finalmente aconteça. Meu pai sempre dizia que não é possível saltar de volta para cima, enquanto a gente não tocar no fundo do buraco que está caindo.
- Pensei que você fosse o cara que estava aqui para aprender umas lições.
- Eu também. Taí uma coisa que nos leva refletir, né? Será que você está aqui por mim? Ou eu estou aqui por você? Estarei bem aqui, quando puder.