Terceiro Tomo - Tratamento
FRENTE
Psiquiatra: Dr. Paul Anders
Data de Entrada: 15/06/1970 Data da Análise: 21/03/1978
Horários: 10:00 h às 22:00 h
Paciente: N°. 133, interno no ano de 1977.
Motivo da Internação: Esquizofrenia
Outra Patologia Associada: Psicopatia e Delirium
RELATO:
O Paciente N°. 133 demonstra comportamento mórbido e paranóico, desligando-se por vezes da realidade sensível. Trava diálogos solitários, num horário quase predominantemente noturno, das 21:00h em diante. Os enfermeiros gravaram pelo menos sete dessas conversações, mas nenhuma delas foi aproveitada. Três estavam inaudíveis, e as outras quatro foram travadas numa espécie de código vocálico incompreensível, caracterizado principalmente por sons guturais quase sussurrados, o que é bastante curioso. Durante o dia o paciente comporta-se de forma catatônica, sem opor qualquer resistência ao desenrolar do tratamento. São lhe aplicadas cinco doses diárias de remédios desde que assumi o caso, um mês após sua chegada, em 1977. As sessões de choque são sempre feitas às 16:00h, e o resultado é proveitoso. No entanto, sempre a partir das 21:00h, os efeitos do tratamento são quase anulados e a atividade psíquica dele manifesta pelo menos dois sintomas das patologias associadas. Seu estado de delírio chega a ser agressivo. Em nossa última sessão, dois dias atrás, ele falou pouco e respondeu a todas as perguntas que lhe foram feitas. Parecia absolutamente normal. Ontem, quando os enfermeiros adentraram sua cela, havia símbolos desenhados por toda a parede e, o mais inacreditável, tinham sido pintados com sangue. Não foi encontrado nenhum ferimento no corpo do paciente, tampouco qualquer animal (ratos, o mais provável), que ele pudesse ter usado para fazer os desenhos. Nenhum de nós identificou qualquer um dos símbolos. O paciente diz não se lembrar de nada durante a noite, afirmando total ignorância sobre o ocorrido. Há algo em seu olhar, porém, que me incomoda.
X
O Dr. Paul Anders atendeu no Centro de Tratamento Biológico e Psiquiátrico Lauren Parker de 15/06/1970 a 30/08/1980, quando pediu licença por motivos de saúde. Trabalhou ainda no Hospital Psiquiátrico da Pensilvânia, onde ficou até meados de 1976. Seu assassinato nunca foi totalmente esclarecido, e as circunstâncias do crime geram controvérsias até hoje. Anders foi encontrado sem olhos e coração, com as vísceras enroladas no próprio pescoço, e havia símbolos não identificados perfurados em sua pele. A Polícia Federal assumiu as investigações, mas estas logo foram passadas para um órgão especial do governo que também investigava uma série de assassinatos em que os mesmos símbolos haviam sido encontrados nos corpos das vítimas. O órgão age em sigilo, e ainda não conseguimos identificá-lo. Sobre os dois pacientes acima citados, as informações obtidas são impressionantes...