Crônica - Outbreak - parte 05
Raccon City, 28 de setembro de 1998, 06:00 AM.
Aqui na sala do chefe de polícia Bryan Irons, um grande quadro com a pintura do rosto de um homem ornamentava o local. Eu sabia que aquele era o chefe Irons. Nunca gostei dele e de suas piadinhas sem graça nas festas em que éramos obrigados a nos encontrar.
Jim começou a vasculhar a mesa dele e encontrou sob ela, uma arma grande que, segundo Kevin tratava-se da Remington calibre 12 de estimação do chefe.
Agora ficaria mais fácil resgatar os outros, pois segundo Kevin, essa arma tinha um poder de fogo muito grande. Ao sair da sala, um forte estrondo vindo lá de fora nos assuntou. Ele veio acompanhado de um segundo estrondo e um forte abalo nas estruturas da delegacia, fazendo todas as luzes apagarem.
Com as lanternas que pegamos no shopping, iluminávamos o caminho de volta para o hall principal. Kevin foi à frente, com sua arma em uma mão e a lanterna na outra, com os braços estendidos e cruzados, um dando sustentação ao outro, enquanto ele fazia a mira e ia aos poucos ganhando território naquele escuro precariamente iluminado.
Dobrando a ultima esquina antes da escada, ele se esquivou habilidosamente de mais um zumbi que vinha do corredor onde antes havíamos ignorado. Mais uma vez fomos salvos pela impecável pontaria da Yoko, que acertou na fronte daquela criatura, recolhendo sua flecha e guardando-a novamente. O cheiro de carniça que tomava o local parecia cada vez mais intenso, porém, resistir a esse cheiro sem vomitar era o menor dos nossos problemas no momento.
Chegamos novamente ao hall principal, onde um grito de Yoko nos alertou sobre um Licker que descia silenciosamente a parede do segundo andar do local. Infelizmente, o grito também denunciou a presença dela. Aquele monstro horrível se jogou de encontro a ela, rápido demais para que eu pudesse acompanhar com minha lanterna, rápido demais para que eu pudesse mirar, ainda mais agora que a dor causada pelo outro monstro começava a me preocupar e minha vista começou a ficar embaçada.
Yoko conseguiu milagrosamente não ser atingida por ele que parou à sua frente exibindo sua língua enorme. O fato dele não ter percebido nossa presença, nos deu uma chance para mirar e abatê-lo sem maiores transtornos.
Mais um disparo foi ouvido e a porta do outro lado do hall se abriu lentamente, sendo iluminada por nossas lanternas. As armas estavam apontadas para aquela porta, prontas para abater o que quer estivesse passando por ali. Minha vista embaçada, meu coração acelerado e minha arma apontando para a porta que terminara de se abrir, revelando David e os outros.
Eles nos contaram que com a queda de energia, a porta se destrancou e eles decidiram retornar. Disseram também que encontraram outro Licker preso entre os escombros da escada de acesso ao segundo andar e que Mark estourou os miolos dele.
Não tivemos tempo para conversar, pois tão logo eles chegaram, um grito estridente indicava que outro Licker estava por perto. Nos apressamos em sair do hall principal, cegando até a sala que indicava a existência de um cofre com armas. Nosso plano era pegar essas armas e voltar ao segundo andar para procurar mais munições e então descer para o porão. Iluminado o cofre com a lanterna, colocamos a senha que nos foi passada e ele se abriu, revelando um pequeno estoque de munições de diversas armas. Não era bem o que precisávamos, mais por hora seria útil. No cofre também havia uma pequena maleta com uma ampola contendo um líquido verde. Um espaço vazio dentro da mala indicava que ali havia outra ampola de igual tamanho. Guardamos tudo e saímos da sala na intenção de ir novamente ao segundo andar, porém, outros dois Lickers no final do corredor por onde viemos, nos fez mudar de rota de descer para o porão.
Aqui no porão, o lugar estava iluminado, provavelmente por geradores de energia. As instalações aqui eram bem luxuosas e me lembrava os abrigos anti-nucleares de alguns filmes.
Após descer as escadas, chegamos a um longo e estreito corredor e começamos a investigar as portas. As duas primeiras portas revelaram dormitórios completamente vazios. A terceira porta foi aberta vagarosamente pelo Kevin, revelando quatro zumbis perambulando pelo local. Tão logo eles perceberam a presença de Kevin, ele fechou a porta novamente, fazendo com que os mesmos começassem a bater freneticamente na porta.
Kevin avistou uma porta ao fundo do local e decidiu entrar lá atrás de mais armas e munições. O primeiro chute que deu na porta a fez destrancar. O segundo abriu a porta e o colocou em meio aos quatro zumbis que o atacaram. Ele conseguiu evitá-los por algum tempo até que um deles cravou seus dentes por trás mo ombro dele, fazendo-o cair ao chão. Em meio a todo aquele desespero, Mark invadiu o local, empurrando o zumbi e trazendo Kevin para fora do local. Kevin não estava bem, a ferida causada pela mordida dessa vez foi realmente profunda. George o encostou sentado na parede e começou a tentar estancar o sangramento enquanto ele lutava para se manter consciente. Segundo George, sua situação estava crítica e ele corria risco de morte, caso não consiga ser hospitalizado a tempo. Ele não tem mais até as dez horas da manhã.
Seguimos em diante, dessa vez com Mark liderando a equipe. Chegamos a outro corredor e caminhamos até sua extremidade, onde uma porta parecia indicar o caminho certo.
Mark abriu vagarosamente a porta e ficou olhando para o cômodo que se revelara. Jim foi logo atrás e logo, todos menos Kevin estavam na porta observando um Licker parado e a menos de dois metros dele, o chefe Irons, estático, tentando não ser percebido pelo monstro. Mark, Yoko e David miraram na direção do monstro. O primeiro disparo partiu de Mark, que acertou o Licker nas costas, derrubando-o e dando a Irons a chance de fugir pela porta da outra extremidade do grande salão onde estavam. O Licker foi abatido logo após David e Yoko investirem contra ele e fomos em direção à porta por onde Irons havia entrado. Nós tínhamos várias perguntas e, de alguma forma eu sabia que ele tinha respostas a dar.
Passamos pela porta, ganhamos outro corredor onde mais duas portas dividiam o local. A primeira era uma cozinha e estava completamente vazia, exceto por um sanduíche estragado, comido pela metade sobre uma pequena mesa. A outra porta nos revelou o banheiro igualmente vazio. Tudo indicava que o caminho para os esgotos não era esse, porém, Irons entrou por aqui e não está mais no local, nos mostrando que de alguma forma aqui tinha uma saída.
Procuramos por uns minutos e David encontrou no último Box do banheiro, uma diferença entre os azulejos da parede ali e os demais presentes no local. Achando se tratar de uma passagem escondida, ele começou a procurar por todo o banheiro uma forma de ativá-la.
Enquanto eles procuravam, eu me perguntava o porquê de toda essa estrutura ser construída sob a delegacia. De alguma forma parece que alguém já havia revisto tudo isso que está acontecendo na cidade. Tudo muito providencial.
Mais uma vez meus pensamentos se voltaram à realidade, quando Jim sacou sua arma e deu dois tiros naqueles azulejos, danificando-os a ponto de David conseguir colocá-los ao chão, revelando uma escada em espiral que descia ao nível inferior. Lá embaixo, estávamos em uma das estações de esgoto da cidade. Caminhando por uma estreita passagem, verificamos um longo túnel que seguia em linha reta até se perder na escuridão. No chão desse túnel haviam trilhos instalados e um painel como de um elevador.
Cindy acionou o painel e uma espécie de vagão de mina veio em nosso encontro, indicando que Irons foi através dele até um lugar seguro. O vagão era pequeno, e tivemos que nos apertar para cabermos todos dentro dele. O painel foi acionado mais uma vez ele começou a se mover túnel a dentro em linha reta, passando por várias câmaras pelo caminho até chegar em um cruzamento onde Irons desviou o curso dos trilhos nos levando por outro túnel que nos levou a outro corredor por onde passamos e subimos outra escada que terminava em uma porta de ferro. Por alguns minutos, nós paramos para tentar assimilar as coisas e Kevin, sentindo muita dor, injetou em si mesmo a ampola que encontramos, dizendo que se aquilo não o ajudasse, pelo menos o mataria e fazia parar de sentira aquela dor insuportável. Injetou o liquido diretamente em sua veia, parando pela metade, provavelmente por medo dos efeitos. Nenhum efeito imediato foi observado nele e fomos adiante, abrindo a porta que estava destrancada, chegando ao quintal de acesso à Torre do Relógio da cidade.
Ficamos na porta, eu e o Kevin, que estávamos machucados e o George que estava tratando nossos ferimentos, enquanto os outros seguiram para o quintal, onde foram emboscados por quatro animais horrendos, parecidos com cachorros, porém, com toda a pele em carne viva, com partes dos ossos expostas e caninos à mostra. Esses animais estavam salivando e sedentos por sangue. Conseguimos abater dois deles e David desviou do terceiro. O último cravou suas presas na perna direita de Cindy, ferindo-a gravemente. Liquidamos essas criaturas e George foi tratar de Cindy, que parecia ainda mais ferida que Kevin.
Uma porta nos separava do interior da Torre que de alguma forma seria útil em alguma coisa, afinal, com certeza havia uma razão especial para os trilhos seguirem até aqui. Mark mais uma vez foi à frente do grupo e abriu a porta, contando oito zumbis perambulando pelo local. De imediato ele fechou a porta novamente e dessa vez, Kevin deu a idéia de eles abrirem a porta e emboscá-los. Assim foi feito. David girou vagarosamente a maçaneta da porta, abrindo a porta e com um chute abriu a mesma, recuando alguns passos e fazendo mira, assim como todos nós estávamos fazendo. Um a um, os zumbis foram tentando sair pela porta e foram sendo abatidos. Enfim uma atitude bem pensada! Limpamos a área e ganhamos o interior do local, onde a porta da rua e a porta do segundo andar dividiam o local. Sem olhar para a porta da rua, fomos o mais rápido possível em direção a outra porta, abrindo-a com cautela, revelando um cômodo vazio com a escada de acesso ao topo da Torre. Dois lances de escada acima e chegamos ao grande terraço da torre, onde um helicóptero estava pousado e um homem estava sentado, encostado na parede injetando em si o liquido de uma ampola exatamente igual a que o Kevin havia injetado em si mesmo minutos atrás.