Crônica - Outbreak - parte 04

por httblyonn em

Dentro da delegacia, o grupo chega à conclusão de que realmente ali não há lugar lugar seguro! A luta pela sobrevivência continua, dessa vez com mais adrenalina. Espero que gostem!!!

Raccon City, 28 de setembro de 1998, 05:00 AM.

 

Enquanto retomávamos o fôlego, o silêncio aterrorizante que se fazia no interior do requintado recinto contrastava com o barulho da porta sendo empurrada e golpeada, formando uma atmosfera de pavor que eu nunca havia vivenciado na vida. Demorou cerca de dois minutos até que eles desistissem de bater à porta. Ao que parece, a inteligência deles é muito limitada e suas memórias não armazenam praticamente nada.

Estávamos no hall de entrada da delegacia de polícia de Raccon City. O lugar era uma grande sala de recepção que mais parecia uma galeria de arte, devido aos vários quadros e esculturas presentes ali. Mais ao norte da sala, um balcão de recepção com três computadores e algumas cadeiras onde tentamos acessar para ver se descobríamos algo de útil, porém, todos os computadores são protegidos com senha.

Kevin nos alertou sobre o sistema de segurança do local, dizendo que as portas metálicas são trancadas eletronicamente e só podem ser abertas por uma senha que fica em posse dos policiais em serviço ali. Segundo ele, esta senha fica dentro de um cd, juntamente com as senhas dos computadores.

Alguns documentos deixados sobre o balcão, intitulados relatório de serviço, davam ciência do que havia acontecido ali. Segundo os relatórios, vários zumbis invadiram esta delegacia, matando vários policiais. Os documentos falavam também que o chefe de polícia Brian Irons, com receio de que a população saqueasse a delegacia, pegou todo o armamento do local, escondendo-o em vários pontos do local. O documento termina falando que uma equipe sobrevivente fugiu pelos esgotos, na ala leste do porão, deixando um dos cartões-chave na ala oeste da delegacia, caso alguém conseguisse chegar ali vivo.

Zumbis... Então é isso que eles são? Pensei comigo. Estamos brigando com zumbis, assassinos canibais que vivem em função única e exclusivamente de se alimentar da carne de animais vivos. Cada vez mais a história me apavora, mas estamos ficando sem tempo. Devemos continuar.

Das três portas que cercavam o ambiente, apenas uma era de madeira e foi por ela que entramos. Por estarmos entrando em lugar desconhecido, nós resolvemos separar o grupo em dois e Kevin, David e eu fomos até essa porta. Kevin, com sua arma em punho abriu a porta lentamente e, ao olhar para o outro canto da sala, ele avistou em meio a uma enorme poça de sangue, um policial agonizando com seu peito rasgado em uma ferida muito profunda. Ele tinha um cd em mãos e sua arma na outra. O policial se chamava Marvin, um conhecido de Kevin no meio policial. Kevin tentou ajudá-lo, mas logo viu que seria inútil. Viu que ele não tinha mais muito tempo de vida. Kevin perguntou o que teria o cortado com força o suficiente para pra ultrapassar a grossa camada de kevlar do seu colete. Marvin não disse nada, apenas o entregou seu cd. Quando Kevin se levantou, com desesperança no olhar, o silêncio que se fazia naquele lugar foi interrompido quando um pequeno basculante no alto da parede norte da sala foi despedaçado por uma criatura monstruosa. Essa terrível criatura com aspecto humanóide, corpo revestido de músculos, sem pele alguma, garras grandes e afiadas nas mãos e nos pés e uma língua de quase dois metros de comprimento, com certeza foi a coisa mais assustadora que eu havia presenciado até hoje. Fui tomada pelo pavor de quem sente que a morte chegar.

Marvin gritou: “Parados! Não se mexam!”. Enquanto aquela besta horrenda descia escalando pela parede, eu tentava não me mexer, mas era impossível. Cada músculo do meu corpo tremia e eu começava a ter espasmos. O medo era tão intenso que chegava a doer em meu corpo. Ele passou direto por Kevin e David que não moveram nenhum músculo e ao chegar perto de mim, eu não pude me controlar. Gritei de medo. Meu grito foi acompanhado pelo grito da criatura que acabara de perceber minha presença.

A dor do medo que eu sentia logo fora substituída pela intensa dor física provocada pelas garras daquela criatura cortando meu braço esquerdo como se uma faca cortasse um queijo. Eu estava ali, estática, sem a menor chance de reação diante da situação, quando dois disparos tiraram aquela criatura da minha frente. Marvin havia se sacrificado por mim. Usou os últimos dois tiros que restara em sua arma atirando na criatura que com velocidade extraordinária foi ao seu encontro e gravou suas garras na garganta do já enfraquecido policial, voltando novamente em meu encontro e dessa vez perfurando meu ombro esquerdo com sua língua.

Dessa vez eu fui salva por mais uma fecha certeira da Yoko que entrou pela porta e atacou a criatura que revidou arranhando-a de raspão. Neste momento eu só conseguia rastejar para a porta tentando salvar minha vida. Eu sangrava bastante a dor era realmente aguda. Kevin, David e Mark conseguiram atirar na criatura até que ela caísse desacordada.

George levou algum tempo até estancar meu sangramento, tratando do meu ferimento e me deixando encostada na parede até que eu retomasse um pouco da minha força e pudesse andar. Quando me levantei, caminhei com dificuldade até o hall de entrada. Onde Kevin já estava procurando alguma coisa no computador que nos desse alguma luz.

Além de aprender a mexer nos mecanismos de segurança da delegacia, ele achou alguns documentos ligando o incidente ocorrido na cidade, às atividades da Umbrella, a maior empresa da cidade. Os arquivos também falavam que todas as pessoas infectadas acabam virando zumbis, embora não tenha falado sobre os meios de infecção. Falou também sobre a criatura que acabara de nos atacar, apelidando-a de Licker e dizendo que eles têm sensibilidade ao calor, que são cegos e se orientam por movimentos. Outra nota informava que o cofre que ficava no segundo andar foi movido para a sala mais a leste da delegacia e acompanhava a senha do mesmo: “2236”.

Paramos por mais alguns minutos, espantados com o ocorrido. A cada instante que passava, as esperanças diminuíam. Um cheiro fétido de morte começava a invadir o local, gradativamente, contribuindo para aumentar a atmosfera de morte que se fazia cada vez mais presente.

Em comum acordo, decidimos tentar sair da delegacia pelos esgotos, mas para isso, precisaríamos do cartão-chave que segundo Kevin estaria na sala de munições. A fim de preservar os feridos, o grupo foi mais uma vez dividido. David, Mark, George e Jim resolveram ir, enquanto Kevin e Yoko faziam nossa segurança no hall principal que até então parecia ser o único lugar seguro da cidade. Eu também tinha uma arma que, embora não soubesse usar, poderia ser útil.

Tão logo Kevin destrancou as três portas de acesso ao local, ele deu um dos rádios de comunicação que pegou na loja de camping, entregou-o ao David e eles foram. Passaram pela porta do Hall e logo se ouviu um disparo. No rádio, David nos informara de que Marvin, havia se tornado um deles e quase pegara o Jim, que com medo retornou ao hall indignado com David, que estando com duas armas tentou fazê-lo ir até lá desarmado. Ele disse que ao reclamar, David o entregou a arma que estava com o Marvin, sem munições e com tom de deboche disse a ele para assustar os zumbis.

Mais alguns segundos e o rádio é acionado mais uma vez. Agora David dizia ter encontrado outro Licker que estava no teto em um corredor de acesso à escada do segundo andar. Após o Licker atingir o segundo andar, eles tentaram passar pelo corredor sem serem notados até ganhar a porta ao fundo do corredor, pela qual precisavam passar para chegar à sala de munições. Um grito aterrorizante daquela besta e mais um disparo e o rádio agora nos falava que eles estavam prendendo a porta com as costas e aquela criatura tentava de todas as formas derrubá-la. Procurávamos inutilmente um modo de ajudá-los, enquanto os gritos da criatura ecoavam pelo local.

De repente os gritos pararam. A ordem parecia ter se restabelecido. David esperou alguns instantes e disse que eles prosseguiriam. Dessa vez com mais cautela, eu espero. Foram direto até o fim do corredor, ignorando uma das portas, viraram à esquerda na única passagem e passaram por uma porta até chegarem próximos à sala de munições onde uma placa branca com letras vermelhas formando a palavra “intendência” indicava o local correto. Tão logo Mark colocou as mãos na maçaneta, outro grito denunciava novamente a presença do licker, fazendo-os entrarem na sala e ali ficarem segurando a porta até que David nos informasse e Kevin trancasse a porta pelo computador.

Na sala, além de encontrar o cartão-chave para sair do local, eles encontraram uma caixa com 18 munições 9mm. A pistola que David tinha deixado com Jim.

Dessa vez o licker ficou batendo à porta por muito mais tempo, nos deixando realmente preocupados quando nos atinamos que a passagem do primeiro para o segundo andar era aberta e que a cobertura do segundo andar deixava o primeiro sem teto, fazendo de nós alvos fáceis para ataques.

Jim pensou e disse que provavelmente encontraríamos alguma coisa na sala do chefe, uma vez que ele quem escondeu todas as armas e munições do local. Foi inteligente da parte do Jim ter pensado nisso. Afinal, se eu fosse esconder um monte de armas para evitar saques, eu as esconderia em um lugar que fosse fácil para eu pegar. Pensamos também em passar pela sala de confisco, onde de acordo com um dos documentos lidos no computador, vários policiais teriam sido deixados em quarentena após ferirem-se.

Não tínhamos escolha agora. Estávamos vulneráveis e tínhamos três companheiros encurralados. Destrancamos as portas até o segundo andar e seguimos até lá. Abrindo a única porta à direita no hall principal, paramos de frente para a porta da sala de confisco. Kevin pegou as duas bombas caseiras que restavam com ele, abriu a porta e atiro a primeira em direção ao fundo da sala, quase sendo pego por um zumbi que estava próximo à porta. Ele fechou a porta e a abriu novamente, chutando o zumbi para trás enquanto Jim jogava a outra bomba também no fundo da sala, explodindo alguns deles. Yoko e Kevin mataram quase todos os seis zumbis que estavam de pé no local e eu vi que estava começando a pegar o jeito da coisa quando acertei um deles em cheio na cabeça.

Todos caídos e começamos a vasculhar por armas, munições e equipamentos.  Nada foi encontrado. Gastamos munição e nos arriscamos à toa. Sem pensar que com o barulho nós podemos ter denunciado nossa localização. Agora com ainda mais pressa, seguimos em frente, subimos pelas escadas e chegamos até sala do chefe, ignorando algumas portas e corredores no meio do caminho.