Crônica – Outbreak – Introdução (parte 01)

Mais uma baseada na série dos jogos da linha Resident Evil. Dessa vez, em vez de policiais altamente treinados, optei por adotar o clima de Resident Evil Outbreak e narrar para personagens de pessoas comuns, sem treinamento algum para o caso. Ficou muito boa. Espero que gostem!

Raccon City, 28 de setembro de 1998, 02:00 AM.

- Boa noite! Eu sou Alyssa Ashcroft, jornalista local. Esta gravação contém o maior furo de reportagem da minha vida! Se eu continuar viva...

Estou aqui neste pequeno e aconchegante bar, às duas horas da madrugada esperando meu noivo, o capitão Enrico Martini, comandante da equipe “Bravo” da maior força policial da cidade: o S.T.A.R.S. Chegamos juntos no bar, por volta da nove da noite para beber um pouco e comemorar a promoção que eu tinha acabado de receber. A partir de amanhã eu seria a editora chefe do jornal local, o Raccon Times.

Pouco mais de uma hora mais tarde, ele recebeu uma ligação do serviço e teve que sair às pressas prometendo voltar assim que possível, pedindo que eu o esperasse.

Pessoas entraram e pessoas saíram do bar. O celular dele sem sinal, eu há quatro horas esperando e minha paciência chegando ao fim.

Entre as pessoas do bar, além do simpático senhor Paul, dono do estabelecimento e a garçonete Cindy, com quem eu já havia conversado em outras visitas, contei mais seis pessoas. Um deles eu conhecia, era o doutor George Hamilton, um médico cirurgião famoso na cidade, casado com Annabelle Warren, a filha do prefeito. Ele estava em uma mesa acompanhado de uma jovem moça de aparência oriental que devido às suas vestias brancas e à pilha de livros que carregava, aparentava ser uma estudante de medicina.  Achei estranho, os dois ali juntos, sozinhos e tão tarde. Mas não fiquei pensando nisso. Reconheci também o policial Kevin Ryman, que trabalha perto da minha casa. Ele está visivelmente embriagado, devido às doses de vodka que tomou ali, no balcão do bar. Bebendo há quase duas horas, ele também parece chateado com alguma coisa. Também já vi em algum lugar aquele jovem rapaz negro de cabelos amarelos, porém não me recordo de onde. Ele entrou no bar conversando com outro homem negro, extremamente alto, vestindo um uniforme azul de vigia, trazendo uma tarjeta no lado esquerdo da camisa escrito “Wilkins”. Este homem eu nunca tinha visto na vida. Também não conhecia o homem que veio consertar encanamento e o ar condicionado, mas o senhor Paul o chamara de David, antes de ir à sua sala pegar os óculos que havia esquecido.

Logo em seguida, o senhor Paul retorna ao bar, tranca a porta de acesso ao seu escritório, guarda as chaves no bolso da camisa e começa a puxar conversa com as pessoas que estão no balcão.

A animada conversa dá lugar a um silêncio constrangedor, quando acompanhado por um cheiro de carne pútrida, um homem entra no recinto, andando com extrema dificuldade, suas roupas rasgadas e sujas de sangue. Sua pele ferida, coloração característica de um cadáver, aquele homem não disse nenhuma palavra, somente proferiu alguns gemidos e veio andando lentamente em minha direção.

 De imediato o senhor Paul se deslocou em direção a ele, imaginado se tratar de um mendigo atrás de comida, bebida ou confusão. A fim de pedir educadamente que ele se retirasse, o velho dono do bar proferiu um agradável “boa noite” ao homem, que retribuiu o gesto agarrando-o pelos ombros. Em uma tentativa inútil de se desvencilhar daquele homem que o agarrou, o velho deu um soco na região abdominal do mesmo. Sem aparentar sentir nenhuma dor, o homem ignorou completamente o ato e mordeu-o na região da jugular, arrancando-lhe um pedaço de carne do pescoço.

Sangue para todos os lados. George, a estudante e o rapaz de cabelos amarelos correram e se abrigaram atrás do balcão, juntamente com Cindy. Minha vontade era de fugir, devido ao pavor que se instaurou naquele local. Eu nunca tinha presenciado cena tão forte. Contudo, quando aquele homem se abaixou sobre o velho caído e começou a se alimentar de sua carne, o espírito jornalístico falou mais alto e eu me levantei com a câmera em mãos para começar a filmar.

Quando me levantei, David colidiu comigo, quase fazendo a câmera cair. Ele foi ao encontro do velho na intenção de ajudá-lo. Vendo aquela situação, o homem se levantou com a boca embebida de sangue, virando-se para o nosso lado. Comecei a filmar o fato.

O vigia também partiu em auxílio ao velho, dando naquele “mendigo canibal” um forte soco no estômago que faria qualquer um ficar incapacitado de dor. Apesar da força empregada, o homem sem demonstrar ter sentido dor conseguiu agarrá-lo pelo antebraço tentando mordê-lo, momento em que o policial Kevin acertou a cabeça dele com sua tonfa, levando-o ao chão, desacordado e com uma grave ferida na parte de trás de sua cabeça.

Enquanto David ligava para o resgate, Kevin verificava os sinais vitais do senhor Paul que já não respirava, tampouco apresentava pulsação.

Minha atenção foi totalmente voltada ao exterior do bar quando vi pela janela varrias pessoas com comportamento semelhante ao do homem do bar. Várias pessoas praticando o mesmo ato de canibalismo a pouco presenciado. Todas sujas de sangue e com marcas de mordidas e arranhões por todo o corpo. E o pior de tudo: todos caminhando lentamente em direção ao bar.

Kevin e o vigia foram até a porta e empurraram dois barris pesados que estavam próximos, bloqueando a porta. Tínhamos que pensar rápido, aqueles barris não deteriam eles por muito tempo.

Se aproximando ainda mais, eles quebraram os vidros das janelas, se amontoando de forma desordeira. Todos tentando entrar no bar a qualquer custo e ao mesmo tempo. Vendo aquilo, David num ato impensado pegou uma das várias cadeiras de ferro que estavam no salão, fechou-a e a arremessou contra a janela. Sua investida impensada danificou a armação da janela que até então impedia que aqueles “canibais” invadissem o bar.

Sem armamento suficiente para combater todos, Kevin e o vigia pensavam em algum modo de se salvarem. Enquanto filmava, eu peguei meu celular e liguei para o prefeito Michael Warren para pedir ajuda. Em meio a muito barulho ele me atendeu. Na impossibilidade de conversar, ele me disse para ligar a televisão no jornal e desligou o celular. Ligando a TV no noticiário, a reportagem mostrava uma grande fumaça negra saindo das Montanhas Arklay que ficavam no extremo norte da cidade, na zona rural. O chefe de policia Brian Irons falava ao jornal dizendo que a equipe “Bravo” teria ido até lá em missão e perdido contato. Falou também que enviou a equipe “Alpha” em busca pela equipe desaparecida.

Minha angústia aumentou ao ver que a equipe do meu noivo estava desaparecida em um lugar em que uma densa fumaça negra de origem desconhecida toma conta do céu. “- Rico, volta pra mim!”.

Não consegui falar com mais ninguém da minha lista de contatos.

Kevin teve a idéia de fazer explosivos artesanais e o vigia foi até a cozinha atrás de garrafas de bebida para e outras coisas que pudessem auxiliá-lo. O policial Kevin começou a retirar as toalhas das mesas a fim de usar como pavio para os explosivos e, ao passar pelo corpo do homem caído, o mesmo se atirou contra suas pernas na tentativa de agarrá-lo. Kevin tentou esquivar-se, porém não conseguiu sem antes ser ferido com um arranhão. A ferida ardeu mais que qualquer uma que ele já tivera a vida. As unhas daquele homem rasgaram parte da panturrilha do policial que sentiu uma ardência muito forte no local. Imediatamente ele revidou e mais uma vez o derrubou com a tonfa, guardando-a e sacando de sua pistola. Ele tinha cansado de brincadeira.

O vigia começa a fazer os explosivos caseiros quando um dos homens consegue entrar pela janela quebrada. Logo após outro deles também consegue entrar pelo mesmo local. David aproveita que o homem está em luta contra Kevin e corre em direção ao corpo ensangüentado do velho para pegar as chaves em seu bolso. Para impedir a invasão, o vigia Wilkins joga o primeiro explosivo, porém, este não sai como esperado e causa apenas uma pequena centelha acertando o braço esquerdo de um deles fazendo-o recuar alguns passos. Outro explosivo é lançado, desta vez fazendo uma explosão forte o bastante para amputar a perna esquerda de um e queimar o lado direito do corpo do outro, levando inclusive algumas fagulhas pela janela, afetando mais um que tentava invadir o local.

David destranca a porta e segue em direção à sala do senhor Paul procurando uma saída. Fui com ele.  Já tinha bastante material filmado e precisava estar viva para publicá-lo. Passando por um estreito corredor que virava duas vezes à esquerda e terminava com duas portas, David ignorou a primeira, chegando ao pequeno cômodo que divide espaço com um banheiro ainda menor, com paredes que propositalmente não chegam ao teto do local. Começamos a procurar por algo que nos ajudasse. Naquele escritório que possuía vários itens de decoração, um grande tapete cobrindo todo o chão do local, algumas plantas bem cuidadas, um sofá e uma mesa de trabalho com uma grande poltrona confortável e outras duas menores do outro lado da mesa. Uma gaveta estava trancada. Perguntei ao David se ele possuía as chaves. Ele examinou o molho de chaves que havia pegado e me entregou, separando uma menor. Abri a gaveta e encontrei dentro um revólver com seis munições dentro e mais seis em um recipiente próprio para acondicionar armas. Já vi o Rico chamá-lo de jet-loader. David afirmou saber atirar devido ao tempo que serviu às forças armadas e me pediu a arma. Com muita raiva do Rico por nunca ter me ensinado a atirar, relutante eu entreguei o revólver, pois em minhas mãos eles poderiam representar mais perigo do que aqueles homens.

Uma explosão vinda do bar indicava mais uma bomba caseira lançada por Wilkins. David examinou o banheiro e viu que podíamos passar pelo buraco do ar condicionado, uma vez que o mesmo estava no chão desmontado para receber reparos. Olhando pelo estreito buraco, ele viu um largo corredor. A sua frente, tinha uma grande lata de lixo e uma escada de ferro para saída de incêndio. Não era possível ver as extremidades do local, mas parecia estar seguro lá fora. Voltando para avisar a todos, eu olhei no bar e vi que vários deles já haviam invadido o local. Neste momento, enquanto todos entravam no corredor saindo do bar, por um instante eu tive a impressão de ver o senhor Paul se mover.

Todos passaram pela porta e Wilkins a fecha, empurrando-a com seu corpo enquanto os outros arrastavam os móveis para bloqueá-la.

Passando pela passagem do ar condicionado na parede, todos desceram em um corredor longo entre o bar e o Shopping Raccon City. Bem a frente uma escada de saída de incêndio que sobe cinco andares até o terraço do shopping está trancada por um frágil portão de grande. Um grande muro cerca o fundo do corredor à direita. À esquerda um pequeno portão de grande, todo enferrujado q eu dá acesso à rua está sendo violentamente empurrado por uma verdadeira horda daqueles “monstros canibais”.

Meu coração se acelera. Mais uma vez eu capto as imagens.  O pavor toma conta de todos. Sem saída, sem entender o que estava acontecendo. Será o fim?

Posts em Crônica – Outbreak – Introdução (parte 01)

Crônica - Outbreak - parte 05

Continua a luta pela sobrevivência. Espero que gostem! Raccon City, 28 de setembro de 1998, 06:00 AM. Aqui na sala do chefe de polícia Bryan Irons, um grande quadro com a pintura do rosto de um homem ornamentava o local. Eu sabia que aquele era o chefe Irons. Nunca gostei dele e de suas piadinhas...

Crônica - Outbreak - parte 04

Dentro da delegacia, o grupo chega à conclusão de que realmente ali não há lugar lugar seguro! A luta pela sobrevivência continua, dessa vez com mais adrenalina. Espero que gostem!!! Raccon City, 28 de setembro de 1998, 05:00 AM. Enquanto retomávamos o fôlego, o silêncio aterrorizante que se...

Crônica - Outbreak - parte 03

Após começar a entender os perigos que os cercam, esses moradores comuns de uma cidade que em poucas horas se tornou um verdadeiro um inferno,começam a planejar uma fuga, continuando suas batalhas coletivas e individuais para a sobrevivência. Espero que gostem! Raccon City, 28 de setembro de...

Crônica - Outbreak - parte 02

Após fugirem do bar, todos começam a entender o terror no qual estão envolvidos e dá-se início uma verdadeira batalha pela sobrevivência de cada um. Espero que gostem! Raccon City, 28 de setembro de 1998, 02:36 AM. De imediato eu fim de encontro àquele pequeno portão que nos separava das escadas...

O Autor

httblyonn