Capitulo 2 - Gafaretes

por Friggakk em

Katherine acordava com algo pequeno a incomodando. Ao abrir os olhos percebia um pequeno corvo preto gralhando e puxando com o bico o cobertor de pele que a envolvia. Ela coçava os olhos e afastava o corvo com as mãos, tentando espantá-lo.

O que um corvo faz aqui?! Sai! Sai! - Resmungava com o corvo que não se afastava, e insistia cada vez mais.

Isso mesmo, o que esse corvo faz aqui?! - Uma voz masculina interrompia o momento. Katherine olhou para trás e se assustou com a presença de um homem, que sorria, mas era um sorriso malicioso que mostrava caninos alongados e amarelados. Seu corpo era coberto de pelos negros, como os de um lobo e era tão alto como um jogador de basquete. Vestia roupas de couro de animais exóticos, que qualquer ambientalista se irritaria ao ver, seus cabelos eram trançados. Mas o que deixou Katherine mais amedrontada foram os olhos, amarelados e profundos, com um brilho desejando sangue. Ela nunca esqueceria esses olhos.

Demoramos a lhe encontrar princesa! E quando achamos, aparecem esses inconvenientes. - Ele olhou para o corvo e Katherine seguiu esse olhar. Uma neblina cinza circulava o animal, parecia segurá-lo, pois não saia da posição um pouco distorcida e desconfortável.

"Matar..."

Katherine escutava, parecia que vinha da névoa, era uma voz pesada, carregada de ódio, não era igual aos outros que sempre escutou.

"Fuja..." - ela olhava para o corvo, algo o fazia falar ou talvez fosse sua imaginação. Segundos depois, o ambiente escurece muito rápido, como se a luz de uma tocha potente se extinguisse quase que instantaneamente.

Corvo maldito! - O homem gritava irritado, Katherine olhava ao redor estando muito assustada, nunca tinha visto coisa parecida, o que ela faria numa hora dessas?! Foi então, que instantes depois, uma luz brilhava naquele ambiente, parecia à saída do galpão. Ela ergueu-se rapidamente, mas sentia uma mão segurar o seu braço de forma bruta. - Achei!- Bem próximo, aquele homem se apresentava, parecia ser guiado pelo cheiro, sua face também estava distorcida, parecia nuances da forma de um lobo. Katherine tentava se soltar, mesmo que não funcionasse.

M-ME LARGA!

Calma princesa. Só queremos-te lhe levar para a sua família.

É MENTIRA!

Então vai ser o plano B! - Ele segurava o outro braço de Katherine, tentando se libertar ela mordia um dos braços dele, mas ele não parecia sentir alguma dor. - Você acha mesmo que morder adianta? - Katherine insistia na mordida, estava desesperada, sentia medo, entretanto sua determinação ali não era movida por este sentimento, e sim pela sobrevivência. Foi então que aconteceu algo inesperado, até para ela. A face da garota começou a se modificar, logo depois o corpo, ela sentia as mesmas dores da última vez. Antes a dor era pior e agora, ela estava se transformando em um pequeno prazer. A emoção era forte demais para ela segurar, sua pele se misturava aos pelos, suas pernas também viraram patas, seus ouvidos, sua visão... Tudo estava mudando, como da última vez que sentiu o mesmo sentimento. Mas, só agora podia ver claramente o que estava acontecendo. O homem que a segurava, soltou rapidamente os braços dela, surpreso pelo acontecimento e sentindo seu braço quase ser arrancado.

"Fuja..." - novamente escutava, seria realmente o corvo a criar toda aquela escuridão e a ajudar? Não pensava, apenas corria e via seu corpo em forma de lobo. Katherine rangia os dentes, não conseguia falar naquela forma, queria gritar por Dana e Kurts, mas não podia aquela forma não permitia.

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Em meio à floresta, ouvem-se corpos serem arremessados, uivos de lobos, poeira subia. Dana e Kurts chegavam ao local do chamado e encontravam a situação complicada. Um corpo humano estava caído ao lado de uma árvore, aparentemente desacordado. Duas bestas, um lobo enorme e um humano com pistolas, estavam lutando contra algumas dezenas de Gafaretes, espíritos menores que juntos formavam um pequeno exército importante para um Uratha se preocupar em seu território.

Kurts logo mudava de forma, de um lobo acinzentado para uma grande besta, chamada de Urshul, corria e agarrava um dos espíritos, arrancando um dos braços e o mordendo no pescoço, fazendo-o desaparecer quase que instantaneamente. Dana, também em forma de lobo, busca sua forma mais alta, chamada de Gauru pelos Urathas, e corre pulando em cima de outro Garfere.

A luta parecia ganha para a alcateia depois dos dois lideres da matilha chegarem, entretanto, os Gafaretes pareciam não recuar, mesmo em desvantagem eles continuavam ali, o que era estranho, pois quando alguns caiam, e os espíritos se viam em poucos números, pediam por misericórdia, ou fugiam.

Por fim, Kuts, Dana, o humano e os outros dois Urathas, ganhavam a batalha, restando apenas um espírito vivo, que tentava fugir, mas algo como um circulo feito no chão o prendia. Todos voltavam para sua forma humana. Um dos que lutavam como lobos, caminhava na direção do humano caído que acordava lentamente enquanto Dana, Kurts e os outros dois se aproximavam do espírito aprisionado.

Misericórdia Urathas, fomos obrigados, misericórdia.”

Obrigados? Não parecia na batalha. Quem os obrigou? – O humano que não se transformou em Uratha apontava as pistolas para a cabeça do espírito, parecia tirar piada do momento. Era possível notar que este não possuía cabelos, usava um óculos raiban, marca famosa e sua roupa era muito parecida com as de Kurts. Tinha um porte de atleta e possuía um brinco no lado direito da orelha.

Quem os mandou, espírito estúpido!

“Se jurarem me soltar irei contar-lhes quem nos enviou, eu prometo!” – Ele se abaixou implorando pela vida e tremia. Kurts olhava para o careca.

Littleboy. - Afirmava com a cabeça, este descia a arma, mas parecia muito irritado para fazer aquilo.

“Obrigado, muito obrigado”.

Fale logo ou eu reconsiderarei a sua morte! – Kurts estava de braços cruzados e o olhava com a imponência de um rei, que sempre os líderes possuíam naturalmente.

- Foram os de sua raça, mas esses não seguem a lua, nunca seguiram, por isso nós estávamos temendo eles e fizemos o que eles pediram!

Puros?!  Dana olhava para o espírito assustada.

Puros? Nessa área? – Littleboy olhava para os outros, parando em Dana.

Mas há anos não tem existência nenhuma aqui... – A garota de cabelos negros se apresentava, ela tinha resquício de sangue pela roupa e estava sendo ajudada a caminhar.

Agora existe. – Kurts afirmava olhando a jovem. – Mas não entendo o porquê invocar Gafaretes em vez de vir diretamente nos enfrentar.

- Kurts, Katherine, talvez eles quisessem ela , e nos distraíram, ela está em perigo!  Dana estava muito agitada no momento, parecia apreensiva.

Isso faz sentido, eles a iniciaram, talvez eles queiram ela. – Littleboy se abaixavacancelando o ritual do espírito preso. – Vá embora e nunca mais volte maldito, está avisado. Essa área é nossa!  O espírito afirmava com a cabeça, muito agradecido, e sumia.

- Vamos, não podemos perder tempo, Madson consegue correr como Urshul?  Ele olhava para a garota de cabelos pretos e ela afirmava com a cabeça, séria. Todos se viravam para irem de volta ao galpão.

Antes de partir Kurts, como um lobo grande, uiva, uiva muito alto. Seu uivo parecia balançar as árvores que dançavam ao som do vento.

Continua...