Debora M. Fink
Era uma noite quente e a academia estava bem agitada; meu namorado viria me pegar as 10:00 e o clima caliente me dava idéias de como aproveitar o tempo que tinhamos.
Estavamos completando um ano de namoro e ele tinha planos especiais para nossa noite. Eu sei que essa coisa de romantismo pode parecer cafona, ainda mais para uma garota como eu; mas mesmo garotas duronas têm ilusões, fantasias e algumas, eu diria em segredo, até mantêm um diário; que nada mais é que um amigo plenamente confiável a quem você pode revelar todos seus segredos.
O primeiro passo foi um jantar romântico a luz de velas num restaurante requintado, mas não caro... Depois uma surpresa: ele conseguiu permissão para visitarmos o Nosso lugar; um parque florestal onde demos o primeiro beijo, eu sempre disse a ele que gostaria de conhecer o parque a noite, e falava como seria ver tudo aquilo vazio, mas o parque fecha as 20:00 e estava sempre movimentado. Tudo o que houve lá foi perfeito, eu diria mágico...
Mas ainda tinha mais; uma noite no motel mais caro da cidade, teria sido perfeita se tivessemos conseguido chegar lá...
Durante o percurso lá pela meia-noite passamos por uma rua mal iluminada e um dos pneus furou. Ed parou um pouco mais a frente e descemos para ver o que aconteceu. Haviam pregos de vários tamanhos perfurando os dois pneus da frente, estavam pintados na cor do asfalto e quando vimos isso percebemos o que estava acontecendo; olhamos ao redor e vimos três rapazes se aproximando com armas nas mãos...
"Não importa qual arte marcial você pratique, a bala sempre é mais rápida"
A frase ecoou em minha mente enquanto olhava nervosa para o punho de Ed se cerrando.
- O que vocês querem? - perguntei desafiando.
- O carro, a grana e você, gatinha... - respondeu o mais forte num tom de sarcasmo.
Meu namorado fez menção de atacá-los mas segurei seu braço.
-Dá as chaves pra ele Ed. - pedi com medo na voz.
Esperei alguns instantes mas não foi preciso repetir o pedido. Ele entregou as chaves e a carteira, tudo em movimentos lentos como o bandido pedira.
Mas Ed não agüentou, ao entregar a carteira ele atacou um dos três tentando pegar sua arma; ele conseguiu e atirou no mais próximo, porém o líder reagiu rápido e acertou Ed na cabeça, tiro certeiro a queima roupa.
Ao ver a cena eu sai de mim e parti pra cima dele, acertei uns bons socos antes do parceiro dele (o desarmado por Ed) me acertar pelas costas. Eu cai perto do bandido morto e já estava em desespero quando encontrei a arma dele. O primeiro tiro que dei na vida acertou o ombro do safado que me atacou pelas costas e ele fugiu.
Ficamos eu e o lider ali, um apontando a arma pro outro, ele parecia desnorteado. Olhava para o corpo do parceiro e pra direção do que tinha fugido, então começou a falar:
- Não era pra nada disso ter acontecido... Porque ele foi reagir??? Droga Skull, como ele te desarmou? A culpa é sua. Se não fosse você não estaríamos aqui hoje, esse seu namoradinho de merda tinha que bancar o valentã, sua vadia....
E foi dizendo estas palavras que ele mirou no meu peito, puxou o gatilho, se aproximou dois passo e eu... atirei.
Mas o que eu podia fazer? ele IA atirar. Depois do segundo tiro me levantei desajeitada e corri para o carro, onde meu celular estava guardado na bolsa. Aquela altura pensei que tudo tinha acabado, mas o terror daquela noite só tinha começado...
Eu já estava abrindo a porta do carro quando um estranho apareceu da escuridão...
- Eu sabia que você sobreviveria, uma pena ele ter morrido - disse o estranho apontando para Ed - Mas as vezes alguns sacrifícios são exigidos em prol de uma causa maior.
Eu não conhecia aquele homem, mesmo assim não pude resistir a sua voz, num momento eu estava decidida a pegar meu celular e chamar a polícia e no instante seguinte só queria ouvir sua voz.
Ele parecia tão amistoso, nenhuma palavra mais foi pronunciada; depois de ter toda minha atenção só vi quando ele veio em minha direção, rápido como um raio.
Ele veio, me tocou, expôs meu pescoço e me mordeu. Foi só por um instante que tentei relutar, pois um prazer indescritivel tomou conta do meu corpo e só queria que aquilo continuasse.
Continuou, mas por tempo demais... A certa altura eu sentia que acabava; minha vida. Não havia mais sangue para meu coração bombear. Fim.
Mas o vampiro que me matou tinha "planos maiores", assim que sugou todo meu sangue fez um corte em seu antebraço e deixou seu sangue reanimar meu corpo. O toque quente do líquido rubro em meus lábios me trouxe de volta. Eu bebi do sangue dele o quanto pude, mas foi tão pouco...
Eu queria mais e encarava ele enquanto a fome dominava minha mente, meu corpo, mas aquela presença encantadora era mais forte. Então ele apontou para o cadaver do ladrão que EU tirei a vida...